O painel de conjuntura, com palestras proferidas pelos professores Plínio de Arruda Sampaio Júnior e Marcio Pochmann, no início da noite deste sábado (27/04), sacudiu os participantes do 10º Congrejufe (Congresso Nacional da Fenajufe), realizado no Monte Real Resort Hotel, em Águas de Lindóia (SP). Ambos os palestrantes deixaram claro que o Brasil vive o fim da economia urbano-industrial, em que a burguesia abandonou essa atividade para investir basicamente no setor terciário, de serviços.
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Com isso, salientou Pochmann, os trabalhadores, que já não se concentram mais nas grandes indústrias, mas nos shoppings centers, hospitais ou nas casas de famílias de classe alta, perderam a noção de “categoria”, tornando-se uma classe mais fragmentada e fragilizada. Os espaços que antes os uniam, que são os sindicatos, os partidos políticos e outros, deram lugar às milícias, ao crime organizado, às igrejas, que os tratam na “totalidade”, e não como “indivíduos”.
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Arruda Sampaio acrescentou que o país passa pelo “sexto ano da crise”, a crise do capitalismo, que, como de costume, busca suas soluções com a exploração da classe trabalhadora, com a restrição dos direitos trabalhistas, a imposição das terceirizações e o desmonte da Previdência. Para ele, a burguesia quer é recolocar o país no tempo das feitorias, como era século XIX. Para facilitar a aceitação de suas políticas restritivas de direitos, faz seus subordinados crerem que são inevitáveis, que são algo natural em decorrência da globalização e do domínio da tecnologia.
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Mas, para ambos os palestrantes, há como reverter essa situação. Pochmann afirmou que, para isso, é preciso que as instituições, como os sindicatos, busquem meios de resgatar os trabalhadores. E uma das formas de obter sucesso nessa tarefa é levar informações de forma eficiente e eficaz às suas bases. A solução, completou Plínio de Arruda Sampaio, é reunir forças, mas para ter força, é preciso ter “unidade”, e essa unidade tem que ser construída de baixo para cima, sem contar com o parlamento, que para ele está “contaminado”. É, enfim, construir um projeto político. E uma ação urgente para mudar todas essas políticas do governo, indicou, é ir para as ruas, com uma greve geral.
Resgatar os trabalhadores das instituições alienantes
Foram muitas as participações com perguntas do plenário. A questão da prisão de Lula, do impeachment de Dilma veio à tona com manifestações contra e a favor dos petistas. Mas houve também muitas opiniões reforçando a necessidade da busca da unidade, e também alertando que ela só será possível se, os sindicados buscarem-na, primeiro, em suas bases, e a partir daí, incentivarem-na nas outras categorias.
Em sua intervenção, o coordenador geral do SITRAEMG Célio Izidoro Celio defendeu ações dos sindicatos no sentido de impedir que os trabalhadores sejam dominados pelas milícias e o narcotráfico, ou doutrinados pelas igrejas, ou que sejam derrotados pelo racismo e o machismo. “Temos que construir um projeto para que a gente possa derrotar o projeto da burguesia, que usa a crise econômica para tirar os poucos direitos que o trabalhador tem. Temos que dialogar com todas as categorias de trabalhadores. Temos que sair desse congresso com um projeto do judiciário para a classe trabalhadora”, sintetizou.
Adiamento de atividades para amanhã
Como o painel sobre conjuntura se encerrou já depois das 20 horas, a mesa propôs e o plenário o adiamento das demais atividades programadas para hoje – Eleição da Comissão Eleitoral e Votação das Resoluções sobre Conjuntura Nacional e Internacional – para amanhã (domingo, 28).