O Sitraemg repudia, com muita indignação, a forma maldosa e descompromissada com a verdade com que a Folha de S. Paulo mais uma vez aborda a remuneração dos servidores públicos do país.
Em matéria intitulada “Ganho acima da inflação no Judiciário extrapola várias vezes o do funcionalismo”, publicada em sua página no sábado, 8 de fevereiro, o jornal paulista usa uma salada de percentuais e cifras para tentar defender sua tese de uma hipotética diferença média salarial abissal existente entre os funcionalismos do judiciário e dos outros dois poderes.
Grosseiramente, coloca os servidores e os magistrados no mesmo bojo remuneratório do judiciário, incluindo nesse bolo os penduricalhos de juízes, desembargadores e ministros dos tribunais superiores e do Supremo Tribunal Federal.
Na altura de seus 65 anos de fundação, a Folha, em sua total falta de compromisso com a verdade, extrapola desta vez. Age como um periódico em início de atividade que busca, a qualquer custo e sem qualquer escrúpulo, seu espaço no negócio da informação.
A matéria delimita um longo período, de quarenta anos, em que o país teve sua moeda modificada por cinco vezes (cruzeiro-cruzado, cruzado-cruzado novo, cruzado novo-cruzeiro, cruzeiro-cruzeiro real, cruzeiro real-real) e passou por variações inflacionárias altíssimas, sem ter o cuidado de citar a variação inflacionária, no mesmo período, de um produto sequer.
Depois de escrachar o funcionalismo do judiciário em quase todo o texto, o autor admite, no penúltimo parágrafo, que excluindo os penduricalhos, pagos somente aos magistrados, a média salarial maior está no Legislativo.
Para dar um verniz aos números destacados e atribuir-lhe uma falsa isenção, a Folha se distancia dos fatos noticiados escondendo-se em fontes enfaticamente citadas na matéria.
A Folha de S. Paulo foi, entre os grandes veículos de comunicação do País, um dos mais fiéis à ditadura militar do período 1964-1985. Desvinculou-se do regime de chumbo poucos anos antes de seu final, por perceber que aquele era o momento crucial, do ponto de vista mercadológico, para se adaptar ao processo democrático que já se mostrava iminente.
Retomados os tempos democráticos, o jornal destacou-se por décadas por defender a pluralidade, a isenção, o apartidarismo e a imparcialidade. E conseguiu manter por algum tempo, em parte, esse viés em sua linha editorial. Porém, nos últimos anos, tem se mostrado meramente preocupado em defender o modelo econômico ditado pelo mercado e, até mesmo, questionador das decisões tomadas por ministros do STF contra as sérias e efetivas ameaças ao regime democrático.
Se a Folha quisesse de fato contribuir para o serviço público, poderia começar por denunciar efusivamente o sequestro do orçamento do judiciário federal que vem sendo perpetrado pelos magistrados, em detrimento dos servidores e da prestação jurisdicional.
Assessoria de Comunicação
Sitraemg