No último dia 3 (de abril), o deputado Paulo Ganine (Novo/RJ) externou toda sua irritação por não ter conseguido incluir no texto da PEC 10/2020, do chamado “Orçamento de Guerra”, duas emendas propostas por seu partido que previam uma redução entre 30% e 50% nos salários dos servidores públicos.
O Novo, como já informado pelo SITRAEMG, é um partido político que foi criado sob o apelo de que o país precisava urgentemente de substituir a antiga por uma “nova política”. No entanto, a maioria de seus parlamentares foi eleita estrategicamente por grandes grupos econômicos, para representá-los fielmente no Congresso Nacional.
Pois hoje (terça-feira, 14) foi a vez do secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolpho Sachsida, defender que o governo congele os salários dos servidores. “Será que está correto algumas pessoas não perderem o emprego e manterem o salário? Um país é muito mais do que aspectos econômicos. Aspectos morais são importantes. Vamos ter que olhar com muita atenção à questão do funcionalismo público. Acho que está na hora de todos darem sua contribuição”. E completou: “Não é tão complicado assim você passar um ou dois anos sem reajuste. E a inflação está baixa”.
Essa fala do integrante da equipe do ultraliberal ministro Paulo Guedes ocorreu durante videoconferência promovida pela XP Investimentos. Sachsida não defendeu a suspensão do pagamento dos juros da dívida pública, que consome metade do Orçamento da União, nem a taxação de grandes fortunas. Claro, a XP movimenta fortunas e é uma das beneficiárias com a remuneração dos altos juros da dívida. Também não lançou qualquer proposta de redução de seu próprio salário e dos demais membros do governo.
Mais lamentável disso tudo é que os sucessivos governos usam sempre a mesma estratégia. Primeiro, subtraem direitos dos trabalhadores da iniciativa privada. Depois, com o apoio da imprensa, que odeia servidores e o serviço público, acabam convencendo a população de que também o funcionalismo precisa contribuir com sua “cota de sacrifício”, e as medidas que defendem, em nome do que queira nominar, são aprovadas facilmente no Congresso. Assim foi com as sucessivas reformas da Previdência, com a lei das terceirizações, e pode acabar acontecendo com a Reforma Administrativa, que tem como referência a Reforma Trabalhista, e mesmo com a redução de salários durante a pandemia do coronavírus.
Mas o SITRAEMG conclama todos os servidores públicos, do Judiciário Federal e de todas as demais categorias, a se juntarem nessa luta para que o governo não consiga mais um êxito em cima do funcionalismo. Se precisa de recursos, que apresente a conta, pelo menos nesse momento de retração econômica aguda, aos banqueiros e demais bilionários que sempre foram poupados e chegaram a esse ponto explorando o próprio Estado brasileiro e os trabalhadores.