O Sitraemg vem a público manifestar repúdio e repulsa ao comentário feito pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro em relação às mulheres, na sexta-feira (4).
Em sua conta no twitter, o parlamentar publicou a seguinte mensagem:
“’Procuro sempre contratar mulheres’, mas, por qual motivo? Homem é pior engenheiro?
Quando a meritocracia dá espaço para uma ideologia sem comprovação científica o resultado não costuma ser o melhor.
Escolha sempre o melhor profissional, independente da sua cor, sexo, etnia e etc.”
Eduardo Bolsonaro se referiu à política adotada pela empresa Acciona de incentivar a contratação de mulheres para os serviços executados pelo grupo. A empresa integra a concessionária responsável pela obra da linha laranja do metrô de São Paulo. Um deslizamento, no dia 1º de fevereiro, deixou uma cratera na marginal Tietê, na capital paulista.
O deputado condena essa política. E, mais grave, sugere que esta teria sido a causa do desmoronamento.
Em vídeo posterior, o deputado tenta explicar a postagem no twitter. Mas só reforça sua postura sexista. Questiona a preferência de empresas por cor ou sexo ao contratarem funcionários e classifica tal prática de “ditadura do politicamente correto”. Ele mostra trechos de um vídeo institucional de 2020 da Acciona, em que funcionárias destacam a grandiosidade da obra e ressaltam a prioridade à contratação de mulheres para a obra de infraestrutura. Só que, no vídeo institucional, aparece uma única funcionária de infraestrutura, uma engenheira. As demais mulheres são de outras áreas. E o deputado debocha: “Se o feminismo cresce, é porque tem homem frouxo”.
Para o Sitraemg, o comentário do parlamentar é misógino, porque revela ódio e desprezo às mulheres. Para esses casos, o sindicato lembra que a lei a 13.642/2018 prevê a abertura de investigação por parte da Polícia Federal.
A publicação do deputado não condiz com a realidade do mercado de trabalho brasileiro.
As mulheres representam a maioria da população do país. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, em 2019, eram 51,8% habitantes do sexo feminino, contra 48,2% do masculino. E o percentual feminino é ainda maior, e vem em um processo de crescimento, no mercado de trabalho. Segundo o Ipea, elas eram 56.1% em 1992, passando para 61,6% em 2015, com projeção para atingir 64,3% no ano de 2030.
Essa maioria, no entanto, não se reflete na remuneração do gênero. Ainda segundo o Ipea, os salários chegam, em média, a no máximo 77,7% do salário recebido pelos homens. E para os cargos de nível gerencial, esse percentual cai para 34,7%.
Segundo especialistas, elas ganham menos não por questão meritocrática, como sugere o deputado Eduardo Bolsonaro, mas por serem mulheres. Ou seja, por discriminação.
O Sitraemg entende que, na condição de parlamentar, Eduardo Bolsonaro deveria era aplaudir a política da empresa paulista. Abrir mais espaço para o sexo feminino no quadro funcional deveria ser uma prática constante na iniciativa privada. Assim como ocorre com a concessão de quotas para ingresso no serviço público e em instituições educacionais. Assim, as empresas estariam contribuindo para o acesso de pessoas deixadas à margem da sociedade.
O sindicato lamenta que o deputado insista nessas manifestações de desrespeito aos cidadãos e cidadãs em questões de gênero, raça e cor, e de ataques à democracia.
Só para citar alguns exemplos, Eduardo Bolsonaro já disse que bastam “um soldado e um cabo” para fechar o Supremo Tribunal. Já defendeu uma invasão militar à Venezuela. Também já apareceu em redes sociais exibindo armas de alto calibre, em defesa do porte e uso de armas.
São atitudes que demonstram total despreparo para o cargo que ocupa. Situações claras de quebra do decoro parlamentar. Já passou da hora da comissão de ética da Câmara agir.
Assessoria de Comunicação
Sitraemg