organizada nos locais de trabalho. Mas a culpa não é somente dos patrões: “O patronato busca fragmentar os trabalhadores para que não se organizem, mas é preciso admitir que os próprios sindicatos têm problemas para se articularem entre si”, .
O panorama traçado por Cacau em sua palestra destacou a mudança de paradigmas causada pela eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da República. Até então, Lula era referência para os movimentos sindicais, mas, a partir de 2002, abriu-se um cenário diferente, no qual, ao invés de combater, o governo passou a “domesticar” os sindicatos. Esse processo, explicou o palestrante, começou com o governo de Fernando Collor, em 1989, estendeu-se pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1994 a 2002) e continua com Lula, apesar do discurso diferenciado.
“Em 2002 esse processo fica bem claro: os movimentos sindicais deixam de representar os trabalhadores para representar o governo”, pontua Cacau, que é advogado, ex-bancário e membro da Executiva Nacional da Conlutas. Os benefícios do funcionalismo público começaram a definhar e os sindicatos passaram a cumprir outro papel frente ao governo Lula, que, “disfarçadamente”, seria contra o movimento sindical, e, especialmente, contra o movimento sindical do funcionalismo público, setor tachado como “privilegiado” pelos setores conservadores.
Cacau disse acreditar que é necessário fazer um debate sobre uma concepção sindical que envolva os trabalhadores e a base da categoria, para ajudar a encaminhar as tarefas. Diante disso, reafirmou que os sindicatos não podem se isolar, mas sim buscar articulação uns com os outros, com o intuito de se fortalecerem, para pressionar por mudanças. “Somos muitos, mas, sem organização e lideranças fortes, somos presas fáceis para manipulação”, arrematou.