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Setembro Amarelo: trabalhar contra o sofrimento e o suicídio

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O suicídio é uma das causas de morte mais enigmática em nosso planeta. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em média, são um milhão de casos por ano e as estimativas de tentativas são da ordem de 10 a 20 milhões.

As estatísticas oficiais mostram números assustadores e há estudos que apontam uma realidade, entre tentativas e realizações, que pode ser até três vezes maior.

No Brasil, em 2021, foram registrados 14.475 casos de pessoas que tiraram a própria vida; 1.773 só em Minas Gerais. No ano seguinte, os números subiram 16.262 no país todo e 2.207 em Minas Gerais.

A saúde mental e o suicídio estão intrinsecamente ligados em uma relação complexa e crucial que requer atenção e compreensão da sociedade. A saúde mental refere-se ao bem-estar psicológico, emocional e social de um indivíduo, enquanto o suicídio é o ato trágico de tirar a própria vida.

A saúde mental precária é um dos principais fatores de risco para o suicídio. Pessoas que enfrentam transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar, transtorno de ansiedade, esquizofrenia e outros, têm uma vulnerabilidade aumentada para pensamentos e comportamentos suicidas.

A dor emocional intensa, o desespero e a sensação de isolamento que muitas vezes acompanham essas condições podem tornar o suicídio uma opção atraente para quem sofre.

No entanto, são poucos os estudos sobre a relação sofrimento no trabalho, assédio moral e suicídio. Segundo Margarida Barreto e Selma Venco, “o trabalho enquanto atividade humana dá sentido à vida, fortalecendo a identidade e a dignidade do trabalhador, conquanto que haja liberdade, respeito ao outro, justiça, respostas solidárias entre e no coletivo de trabalhadores. Caso contrário pode se tornar em causa de dor, sofrimento imposto, doenças, acidentes e morte por suicídio”.

Margarida Barreto foi uma renomada pesquisadora brasileira conhecida por suas contribuições na área da saúde mental no ambiente de trabalho. Seu trabalho tem sido fundamental ao abordar a relação complexa entre o assédio moral no trabalho e o aumento dos casos de suicídio entre os trabalhadores.

O assédio moral, também chamado de assédio psicológico, refere-se a comportamentos repetitivos e prejudiciais no local de trabalho, como humilhações, intimidações e discriminação, que podem afetar profundamente a saúde mental dos funcionários. Margarida Barreto demonstrou que o assédio moral não apenas deteriora a saúde psicológica dos indivíduos, mas também está fortemente correlacionado com o risco de suicídio.

Seu trabalho revelou que as vítimas de assédio moral frequentemente experimentam sentimentos de desesperança, isolamento social e depressão, todos fatores que aumentam a probabilidade de pensamentos suicidas. Além disso, o ambiente de trabalho tóxico resultante do assédio moral pode levar a distúrbios de ansiedade e estresse crônico, agravando ainda mais os riscos para a saúde mental.

Margarida Barreto também ressaltou a importância de criar ambientes de trabalho saudáveis e promover a conscientização sobre o assédio moral, implementando políticas que previnam e combatam esse problema. Ela enfatiza que a prevenção do assédio moral não apenas melhora a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também desempenha um papel vital na redução das taxas de suicídio relacionadas ao trabalho.

Segundo as autoras, “Quando o sentido da vida é desapropriado pela organização do trabalho, produz-se o que chamamos de suicídio laboral ou indução ao suicídio. (…) Temos construído o “corpus” desse dizer, cuja evidência empírica do sofrimento psíquico é consequência do Assédio Moral no trabalho que se manifestou nas descrições de: degradação da função, apelido pejorativo, estigmatização, desprestigio, desvalorização, desqualificação, culpabilização, humilhação, abuso de poder e até violência física.

Portanto, o trabalho de Margarida Barreto destaca a necessidade urgente de abordar o assédio moral no trabalho como um sério problema de saúde pública, destacando suas consequências devastadoras, incluindo a relação alarmante entre o assédio moral e o suicídio no ambiente profissional.

Concluindo, as autoras afirmam:

 “Camus afirmou que aquilo que dá razão e sentido ao viver, pode constituir-se em razão para morrer. E nessa direção, o trabalho enquanto atividade humana dá sentido à vida, fortalecendo a identidade e a dignidade do trabalhador, contanto que haja liberdade, respeito ao outro, respostas solidárias entre e no coletivo de trabalhadores, caso contrário pode tornar-se causa de dor, sofrimento imposto, doenças, acidentes e morte por suicídio.”

O Departamento de Saúde no Trabalho e Combate ao Assédio Moral (DSTCAM) do Sitraemg trabalha com a prevenção do assédio moral no trabalho e o combate a toda violência no ambiente de trabalho. Procure o Sitraemg!

Arthur Lobato

Consultor no Combate ao Assédio Moral/ Responsável técnico do DSTCAM

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