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Servidores de Divinópolis pedem voto do deputado Domingos Sávio contra PEC 287/16

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A coordenadora do SITRAEMG Elimara Gaia, que é lotada na Justiça do Trabalho em Divinópolis, juntamente com outros servidores federais, estaduais e municipais daquela região, representando entidades como o Sintemd (dos professores) e Sindes (da saúde), tiveram uma difícil missão nessa quinta-feira (15/02). Depois de algumas tentativas malsucedidas, eles finalmente conseguiram se reunir com o deputado Domingos Sávio (PSDB/MG) – no escritório do parlamentar em Divinópolis, cidade onde mora e tem sua base eleitoral mais concentrada, bem como em outros municípios da região Centro-Oeste do estado – e, nessa reunião, angariar o compromisso do parlamentar de que votará contra a PEC 287/16, da Reforma da Previdência.

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Histórico

O deputado Domingos Sávio havia sido um dos principais defensores da derrubada do Veto Presidencial nº 26/15 (veto ao PLC 28/15, da reposição salarial dos servidores do PJU), em 2015, quando a então presidente, Dilma Rousseff, já sofria a pressão que culminaria em seu afastamento definitivo do cargo com a aprovação do impeachment, no Congresso Nacional, em 2016. O veto, como se veria depois, acabou não sendo derrubado, e a reposição salarial dos servidores do Judiciário Federal só viria a ser aprovada já no governo Temer, mas em condições bem menos vantajosas. Visto com desconfiança pelos servidores, pelo fato de, quando deputado estadual em Minas Gerais, ter pertencido à base dos governos Aécio Neves e Antônio Anastasia, que foram cruéis com o funcionalismo público estadual, o parlamentar garantiu aos servidores que sempre esteve ao lado da classe.

Ele, de fato, não só se mobilizou contra o ato de Dilma como votou pela derrubada do veto. Sua atuação ao longo do governo Temer, no entanto, tem sido implacável com os trabalhadores, tanto do serviço público quanto da iniciativa privada. Votou pela aprovação da Emenda Constitucional do teto de gastos (congelamento dos gastos sociais do governo por duas décadas), terceirização sem limites (no serviço público e empresas privadas) e reforma trabalhista. Votou também em favor da reforma do ensino médio, que trouxe enormes retrocessos para essa etapa do ensino público, e tem se mostrado, sobretudo, cem por cento fiel ao atual presidente da República: votou a favor do impeachment de Dilma, que possibilitou a Temer a ascensão à Presidência, e pelo arquivamento dos dois processos de investigação contra o atual presidente, por vários crimes, entre os quais “corrupção passiva” e “formação de quadrilha”.

Gravação do vídeo


E o encontro com o parlamentar acabou se confirmando como missão impossível. Depois de muita conversa, e até um princípio de confusão e certa rispidez de Sávio, os servidores conseguiram que ele gravasse o vídeo. Na gravação, porém, não expressou com muita clareza se vai votar contra ou a favor da Reforma. “Desde o início eu deixei claro que entendo que fazer uma reforma é uma questão de responsabilidade. É necessário sim para o Brasil, mas não de qualquer maneira. Desde o primeiro momento eu fui contra o texto que foi encaminhado para o Congresso. E só após um debate muito profundo, tendo a segurança de que uma reforma que seja para beneficiar a grande maioria – acabar com alguns privilégios, mas respeitar direitos, direitos inclusive dos servidores, que tem que ter uma regra de transição -, aí sim, poderemos votar. Sem uma discussão ampla, eu não votarei nenhuma reforma que prejudique os trabalhadores. Com uma discussão séria e ampla, uma reforma melhor para o Brasil, poderemos votar sim”. Como se pode observar bem, o parlamentar mineiro mostra-se bastante “em cimo do muro”, mas mais para o lado do governo do que para o dos trabalhadores. De qualquer forma, ele sabe que “se votar, não volta!”, ou seja: se votar a favor da reforma, dificilmente conseguirá se reeleger nas eleições de outubro próximo – pelo menos se depender dos votos dos trabalhadores.

Reunião tumultuada

Confira a seguir, nas palavras da coordenadora do SITRAEMG Elimara Gaia, como transcorreu a agitada reunião com o deputado Domingos Sávio:

“Ele quis nos convencer que a Reforma da Previdência é necessária. Disse inclusive que, se não aceitarmos agora, com uma boa transição, será pior no futuro. Disse também que os sindicatos dos servidores estão irredutíveis, que ‘deveremos aceitar’, e que, com uma transição mais favorável, ele está de pleno acordo. Ele falou que estamos mal informados, e que a CPI é praticamente forjada, uma grande mentira.

Na reunião, os ânimos ficaram exaltados, e teve até bate-boca. Eu argumentei que ele tem votado contra o trabalhador, como fez na terceirização e na Reforma Trabalhista. Ele não aceitou. Sustentou que a terceirização e a Reforma Trabalhista, ao contrário do que pensamos, ajudou o trabalhador. Quis até me desafiar, pedindo que eu relacionasse, naquele momento, os itens prejudiciais. Até colocou uma folha e uma caneta na minha frente. Enfim, eu fiquei de providenciar um documento e enviar-lhe posteriormente.

Insisti para que gravasse esse vídeo. Depois de uma certa conversa, em que ele disse que não votaria a favor da Reforma da Previdência se continuar da forma em que está, aceitou gravar. Apesar de transparecer em cima do muro, ele se mostrou tendente a votar contra, diante de tanta pressão”.

Ainda segundo a coordenadora do SITRAEMG, Domingos Sávio também reclamou da colocação das faixas e outdoors com a mensagem “Se votar, não volta!”, e o alerta à população para que fique de olho no voto de cada um na PEC 287/16. “Disse que está sendo abordado por familiares e amigos dizendo que ele está contra o trabalhador, que vai acabar com a aposentadoria da população, que nós estamos fazendo propaganda mentirosa, sem conhecer a verdadeira história”, relata Elimara Gaia. Sinal de que a campanha desenvolvida pelo SITRAEMG e demais entidades do movimento “Se votar, não volta!” está surtindo o efeito desejado.

Avaliação da coordenadora do SITRAEMG

O SITRAEMG, principalmente através da Diretora Elimara e, muitas vezes, com a ajuda do assessor político Efraim Moura, conseguiu mais uma vez se reunir com o deputado Domingos Sávio, depois de ter contado com o apoio dele na luta pela derrubada do veto da ex-presidente Dilma Rousseff ao projeto da reposição salarial dos servidores do Judiciário Federal, em 2015. Ela acredita que a pressão feita pelos servidores na reunião da última quinta-feira pode ter convencido o parlamentar a votar contra a Reforma da Previdência, embora o PSDB venha sinalizando que votará a favor da proposta. “Seguiremos ainda mais confiantes para derrubar a referida PEC, Temer, o PMDB, MDB, PSDB, DEM e suas coligações”, anuncia a coordenadora, lembrando que “a pressão vem sendo feita de todas as formas possíveis, em mensagens veiculadas em emissoras de rádio, outdoors e intervenções junto à população da cidade de Divinópolis e região”.

Data-base

A coordenadora do SITRAEMG aproveitou a oportunidade para falar também sobre as discussões sobre a data-base no Congresso Nacional. Ela lembrou ao parlamentar que foi ele que apresentou a PEC 220/2016, de iniciativa do SITRAEMG, que prevê a instituição da data-base para os servidores públicos. Sávio informou que tentou incluir a proposta no texto da Reforma Trabalhista, mas não obteve êxito. Garantiu, porém, que continuará lutando pela aprovação da PEC 220/16 (veja detalhes da tramitação).

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