O psicólogo Arthur Lobato, do Departamento de Saúde do Trabalhador e de Combate ao Assédio Moral (DSTCAM), abordou o tema “Prevenção e combate ao assédio moral” no seminário Saúde do Trabalhador e Combate ao Assédio Moral, realizado na manhã de sábado, 29 de abril, na sede do Sitraemg, em Belo Horizonte.
Segundo ele, o DSTCAM procura seguir o conceito sobre assédio moral construído pelos psicólogos e professores Margarida Barreto e José Roberto Heloani em sua atuação para inibir a prática desse mal contra os servidores do Judiciário Federal em Minas Gerais.
Para Barreto e Heloani, “assédio moral é uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que ocorre no meio ambiente laboral, cuja causalidade se relaciona com as formas de organizar o trabalho e a cultura organizacional, que visa humilhar e desqualificar um indivíduo ou um grupo, degradando as suas condições de trabalho, atingindo a sua dignidade e colocando em risco a sua integridade pessoal e profissional“.
Lobato explicou que esse conceito tem influência na busca do combate à prática do assédio em países da Europa ao longo do Século XX.
Inicialmente na Suécia, a pressão nas montadoras de automóveis, que levava os trabalhadores aos limites da humilhação, gerou um movimento contrário que culminou na criação de medidas de proteção à classe através da inclusão de cláusulas contra o assédio na legislação.
O mesmo aconteceria mais tarde na França, em razão da prevalência da lei dos mais fortes sobre os mais fracos nas grandes empresas em consequência das privatizações.
A prática do assédio no Brasil, afirmou o psicólogo, intensificou-se no Brasil com a introdução das ideias neoliberais nas organizações em busca da maior produção com o menor custo. No judiciário, deu-se a partir da implantação do sistema de metas e produtividade.
Curiosamente, criticou o palestrante, o mesmo CNJ que impôs o cumprimento de metas e maior produtividade instituiu a política de prevenção e enfrentamento do assédio moral, do assédio sexual e da discriminação nos tribunais, através da Resolução 351/2020. Confira a resolução aqui
Mas ele saudou a iniciativa do Conselho por instituir essa política, lembrando que a resolução também determinou a criação das comissões de prevenção e enfrentamento nos tribunais.
Lamentou que os atos dos tribunais em Minas que instituíram as comissões estejam incompletos em relação à norma do CNJ. E sugeriu que os integrantes das comissões a utilizem para discussão e implantação das políticas por ela orientadas nos órgãos.
Como se dá o assédio moral
O assédio moral, segundo o psicólogo Arthur Lobato, ocorre dentro de um processo cujo propósito do assediador é desestabilizar psiquica, emocional e profissionalmente o trabalhador. Efetiva-se com atitudes de isolamento, ridicularização e humilhação do assediado. Com a vítima fragilizada, angustiada e exaurida, vem o adoecimento, com efeitos como ansiedade, depressão e síndrome de Burnout (esgotamento profissional).
Lobato assegurou que a “chave“ para o combate ao assédio moral e o adoecimento no trabalho é a prevenção.
E informou que essa é a primeira do tripé de ações do DSTCAM em sua linha de atuação. Em seguida vem a intervenção e o acolhimento.
Também lembrou que a solidariedade dos colegas ao assediado é fundamental para a sua recuperação.
Data celebrativa
O seminário do Sitraemg, conduzido pelo coordenador geral Lourivaldo Duarte, antecedeu a data da celebração do Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral, 2 de maio.
Estiveram presentes coordenadores do sindicato, diretores de base, atuais conselheiros fiscais e candidatos à Diretoria Executiva e ao Conselho Fiscal no atual processo eleitoral.
Veja aqui a íntegra do seminário:
Assessoria de Comunicação
Sitraemg