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Professor da USP relaciona vitórias da extrema direita com ataque total ao serviço público

Valerio Arcary partiu da realidade mundial para falar dos desafios da conjuntura do Brasil, alertando para risco real da destruição do serviços públicos e carreiras
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O último painel do primeiro dia do XII Congresso Estadual Ordinário do Sitraemg debateu ‘’O futuro do serviço público e os desafios do movimento sindical’’.

A mesa teve como convidado o doutor em história pela USP, Valerio Arcary, e foi presidida pelo coordenador da Sitraemg e da Fenajufe David Landau e pela coordenadora Elimara Cardoso.

Arcary acredita que o país vive, na prática, uma realidade política semi-presidencialista,  com obstáculos para a governabilidade ,e  uma economia instável só comparável a 1929, período de estagnação e ascensão do fascismo no mundo.

Uma conjuntura, explica Arcary, agravada pelo fenômeno mundial da extrema direita, que repousa num projeto de sociedade em que o estado tem que ser reduzido ao mínimo, abrindo campo para a mercantilização da educação, da saúde e da previdência.

Encruzilhada para o país e para o serviço público

Tanto a classe herdeira quanto a classe média assalariada – que tem maior escolaridade e sente a forte incidência de impostos – está insatisfeita, destaca o professor, enquanto a classe dominante segue enfurecida, exigindo cortes nos gastos sociais, o que atinge o funcionalismo e o serviço público.

Arcary lembrou que, historicamente, o setor privado remunera mal e tem uma taxa de rotatividade elevada. Com o tempo, o serviço público passou a ter como atrativo, além da estabilidade, os planos de carreira.

Num país periférico, vindo de colonizações e semi-colonizações, que mantém baixos níveis de instrução (só 35% da população com 15 anos ou mais tem plena alfabetização) e desigualdade, segundo o professor da USP, a sociedade considera que o serviço público é caro.

Neste momento, em que o choque de capitalismo passa pelo congelamento de salários – basta olhar os exemplos recentes da Argentina e dos Estados Unidos –, os sindicatos do funcionalismo público conquistaram força mundialmente e têm estabelecido redes de solidariedade que se opõem ao projeto capitalista, destaca o professor. Por todos esses fatores, diz Arcary, não é difícil prever o horizonte sombrio que se estabeleceria no Brasil com eventual vitória da extrema direita.

“Se esse grupo assumir no Brasil, veremos uma reforma de Estado radical, atingindo direitos e quebrando a coluna que sustenta a classe trabalhadora, que são os sindicatos. Uma derrota histórica acompanhada da destruição das condições sobre as quais construímos as nossas carreiras”, alertou.

Mas qual seria a saída para essa encruzilhada? “É preciso unir remediados e pobres para fazer uma disputa frontal”, ocupar redes e ruas para fazer a mobilização e uma luta de classes sem precedentes, maior do que a que o país viu nos anos 1980, na luta pela redemocratização, defende o professor.

Assessoria de Comunicação

Sitraemg

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