Acompanhe o Sitraemg nas redes sociais

Prefeitura de BH destina R$ 300 mil para dois dias de axé em cidade vizinha

Compartilhe

Matéria publicada no Portal iG no último 28 de abril revela que a prefeitura da capital mineira gastou na promoção de um evento de axé no município de Santa Luzia mais do que investiu na Educação ou na Defesa Civil. A denúncia soma-se às outras a respeito de obras para a Copa 2014 e repressão aos movimentos sociais e abandono da população carente.

Prefeitura de BH destina R$ 300 mil para dois dias de axé em cidade vizinha

Em dois meses de 2012, a administração municipal destinou R$ 167 mil à Defesa Civil

A Prefeitura de Belo Horizonte destinou R$ 300 mil dos cofres públicos para patrocinar um evento de axé em um município vizinho com ingressos a preços nada populares. Os valores foram de R$ 160 (inteira para um dia) a R$ 580 (passaporte para dois dias, em camarote), o que representa 93% do salário mínimo.

Enquanto são empregados R$ 300 mil de patrocínio do poder público em um evento de apenas dois dias, em dois meses, a prefeitura destinou bem menos à Defesa Civil. Foram R$ 167.138,92, indica relatório resumido da execução orçamentária.

O Axé Brasil 2012, apesar de o nome desta edição destacar “Eu amo BH Radicalmente”, foi realizado dias 14 e 15 passados no Megaspace, espaço para shows na cidade de Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte.

Considerado um dos maiores eventos de axé do Brasil, a iniciativa contou com as presenças de ex-big brohters, mediante pagamentos de cachês cujos valores são mantidos em sigilo.

O Axé Brasil deste ano revelou-se polêmico após a morte de um jovem de 26 anos, em circunstâncias não esclarecidas. Conforme informações da Polícia Militar de Minas Gerais, durante o show da cantora Ivete Sangalo, Vinícius Geraldo Guerra passou mal e morreu. Em seus bolsos foram encontrados comprimidos para emagrecer.

Além de Ivete, o Axé Brasil contou com shows da Banda Eva, Chiclete com Banana, Cheiro de Amor, Parangolé, e Timalada, na sexta-feira, dia 14 de abril. No sábado, 15, apresentaram-se no Megaspace Alexandre Peixe, Tomate, Asa de Águia, Claudia Leitte, Tuca e Psirico.

O repasse de R$ 300 mil foi feito por meio da Fundação Belo Horizonte Turismo e Eventos – Belo Horizonte Convention & Visitors Bureau. Esta entidade tem como objetivo promover e valorizar a imagem da capital mineira, estimulando eventos na cidade e em seu entorno. A Belo Horizonte Convention & Visitors Bureau foi procurada pelo iG, mas não se pronunciou sobre o assunto.

Assistência para crianças recebe menos que axé

Os R$ 300 mil para o axé representam mais do que muitos recursos empregados em diversas áreas pela prefeitura, no primeiro bimestre deste ano. Conforme relatório resumido de execução orçamentária, foram gastos no primeiro bimestre R$ 298.719,37 com Assistência Social para crianças e adolescentes, por exemplo.

O patrocínio ao evento baiano pela prefeitura também ultrapassa o que foi gasto para fomento ao trabalho: R$ 282.351,89. E para educação especial, para onde foram destinados neste ano R$ 57.804.

Com uma previsão de gastos de R$ 19, 2 milhões, a Ciência e a Tecnologia em Belo Horizonte receberam até agora R$ 57.805,10. Já para a promoção comercial, a prefeitura destinou neste ano R$ 39.865,20.

Não é a primeira vez que a prefeitura patrocina um evento de música baiana em uma cidade vizinha, por meio de edital promovido pela empresa de turismo da capital, a Belotur. No ano passado, a gestão de Marcio Lacerda (PSB) patrocinou o chamado “Uai Folia”, ocorrido em setembro .

Os dois eventos são bastante semelhantes e ocorreram no mesmo local, o Megaspace. A Belotur informou que apesar de ser em Santa Luzia, o evento cumpre a prerrogativa de incentivar o turismo na capital mineira.

Promotoria investiga repasses

Também no ano passado, a Prefeitura de Belo Horizonte destinou recursos para a turnê do Jota Quest, o que gerou investigação do Ministério Público , já que os shows não são gratuitos e o vocalista da banda, Rogério Flausino, apoiou Lacerda durante a campanha eleitoral de 2008. A banda negou irregularidades em repasse de R$ 400 mil em 2011. A investigação está em andamento.

No ano de 2009, primeiro da gestão Lacerda, a prefeitura destinou R$ 453 mil ao Axé Brasil, que tinha ingressos vendidos de R$ 30 a R$ 600. O recurso teria sido destinado à cantora Ivete e ao Chiclete com Banana. O promotor de Defesa do Patrimônio Público, Eduardo Nepomuceno, considerou o repasse ilegal e imoral. Em processo judicial, pede ressarcimento do dinheiro aos cofres públicos. Ivete não comenta o caso. A ação civil pública está conclusa para despacho ou decisão do juiz titular desde o dia 14 de fevereiro deste ano.

Em nota, a Belotur informou que “não há nenhuma determinação judicial ou recomendação do Ministério Público que vede a concessão de auxílio financeiro ao evento Axé Brasil 2012. Vale ressaltar que, em 2009, o Ministério Público não questionou o repasse de subvenção para o Axé Brasil, mas sim a realização de contratações para apoiar o evento”. Ela ainda destacou que o repasse de 2012 obedeceu a legislação municipal.

Compartilhe

Veja também

Pessoas que acessaram este conteúdo também estão vendo

Busca

Notícias por Data

Por Data

Notícias por Categorias

Categorias

Postagens recentes

Nuvem de Tags