
Estiveram presentes no curso “Organização por Local de Trabalho”, promovido pelo SITRAEMG no último sábado, 24 de setembro, em sua sede, em Belo Horizonte, cerca de 60 diretores de base, de locais de trabalho dos quatro tribunais federais em Minas, de diversas regiões do estado: Alfenas, Araguari, Belo Horizonte, Betim, Caratinga, Conselheiro Pena, Contagem, Formiga, Januária, João Monlevade, João Pinheiro, Juiz de Fora, Ouro Preto, Perdizes, Pouso Alegre, Sete Lagoas, Teófilo Otoni, Uberaba, Uberlândia.
Com certeza, os diretores de base que participaram do curso não serão os mesmos daqui para frente em relação aos seus colegas, nos locais de trabalho onde são lotados. O curso, ministrado pelo professor e educador popular Emílio Gennari, durou todo o dia. O professor deu início aos trabalhos pedindo aos servidores presentes que manifestassem o conceito de cada um para a palavra “sindicato”. A partir dos mais variados conceitos apresentados, ele fez breve relato histórico do movimento sindical no Brasil.
A primeira experiência sindical no país, explicou o professor Gennari, foi o sindicalismo anarquista. Este, no entanto, durou pouco, dando lugar ao sindicalismo representativo, a partir da década de 1930, no governo Getúlio Vargas, inaugurando então a era do “peleguismo”, prática sindical em que o líder mediava entre os interesses do estado e as reivindicações dos operários. Nas décadas de 1970 e 1980, teve vez o chamado sindicalismo combativo. “Combativo”, mas também sem efetiva participação das bases. A frase “Se o outro nada fez, nós resolvemos”, resumia bem o espírito paternalista do sindicalismo dessas duas décadas, exemplificou o educador popular.
“Trabalho é o que interessa; saúde não tem pressa”
O início do atual modelo sindical, afirmou o professor, coincidiu com a queda do Muro de Berlim, em 1989, que trouxe a ideia de que o comunismo fracassara e que o único sistema político-econômico possível era o capitalismo. A nova ordem mundial, marcada pelas políticas neoliberais, trouxe o desemprego e a precarização do trabalho nos serviços públicos e privados. A alta rotatividade nos postos de trabalho, na iniciativa privada, e a pressão sobre os servidores públicos, diante das novas políticas de governos direcionadas ao funcionalismo, gerou insegurança e o individualismo entre os trabalhadores, o que praticamente aniquilou a força de organização e mobilização dentro dos locais de trabalho. Advieram daí, então, além da fragilização política da classe trabalhadora, as perseguições e o consequente adoecimento do trabalhador. O professor fez até um trocadilho com a frase “Saúde é o que interessa; o resto não tem pressa”, que era dita em programa humorístico de TV e tornou-se famosa no país nos anos 1990. O medo levou as pessoas a mergulharem tanto no trabalho nos dias de hoje que a frase que refletiria verdadeiramente a realidade do trabalhador seria “Trabalho é o que interessa; saúde não tem pressa”. Inaugurou-se, pois, a era do assédio moral.
A partir desse ponto, os diretores de base presentes passaram a interagir ainda mais interessadamente com o professor Gennari, que os ouvindo e ponderando pacientemente em cada intervenção que surgia, fisgou-os com a isca dos seus ensinamentos sobre a importância da organização do trabalhador ou do servidor a partir do seu local de trabalho. Esse é o verdadeiro sindicalismo. É dessa forma que se edifica e se solidifica uma categoria. E é por esse motivo que o SITRAEMG já marcou para 22 de outubro a realização do curso para mais diretores de base que se interessarem. As inscrições já estão abertas. Devem ser feitas até o dia 10 de outubro, pelo telefone (31’)451-1500, com Cássia ou Margareth.
A importância do diretor de base e da formação sindical
Ao fazer a abertura do curso “Organização por Local de Trabalho”, no último sábado, 23, a coordenadora geral do SITRAEMG Lúcia Bernardes reafirmou o compromisso da atual Diretoria Executiva de incentivar os servidores a elegerem diretores de base em cada local de trabalho. E dada a importância dessa representatividade nas unidades dos tribunais, o Sindicato pretende prepará-los o melhor possível, oferecer-lhes cursos de formação sindical, para que, assim, consiga fortalecer a categoria, a partir da base, para a ação e a mobilização sindical.
“Os diretores de base são as pessoas mais importantes dentro da estrutura sindical. No local de trabalho, ele é o presidente do Sindicato”, reforçou Hélio Ferreira Diogo, um dos coordenadores de Formação Sindical do SITRAEMG presentes. “Precisamos de novas lideranças sindicais. E a formação política e sindical (dos filiados) é uma proposta de campanha da atual diretoria”, lembrou o coordenador.
Débora Mansur, outra coordenadora de Formação Sindical do SITRAEMG participante do evento, diz que gostou muito do curso porque ele levou os participantes a refletirem sobre o que está acontecendo em volta de cada um deles, nos seus locais de trabalho. Fê-los pensar, sobretudo, no fato de estarem trabalhando ininterruptamente, sem tempo nem para pensar, e na relação de todos consigo mesmos, com os seus colegas e com os jurisdicionados. “O curso foi uma oportunidade para pararmos e refletirmos sobre os grupos de trabalho,como vêm funcionando, ouvindo relatos e experiências do instrutor Emílio. Eu me senti revigorada, adquirindo novos conhecimentos e abrindo espaço para novas maneiras de melhorarmos o nosso trabalho e o ambiente onde produzimos”, resumiu Débora Mansur.
Também participaram do curso os coordenadores do SITRAEMG Osmar Souto, Carlos Humberto Rodrigues, Fernando Guetti, Paulo Márcio Santos, Iclemir Costa, Raimundo Alves, Marisa Campos, Adriana Correa Valentino e Artalide Lopes. O SITRAEMG agradece a presença de todos que compareceram à primeira turma do curso e espera contar com um número ainda maior na turma do dia 22 de outubro.
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