Apesar de o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter aprovado, na madrugada de hoje (9), uma resolução exigindo o cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, Israel continuou a bombardear a região, segundo informações da BBC Brasil.
A resolução, primeiro posicionamento oficial do conselho desde o início do conflito, foi apresentada pelo Reino Unido e aprovada por 14 dos 15 membros do órgão. Ela pede, além do cessar-fogo, o livre acesso de agências de ajuda humanitária a Gaza e que os países-membros da ONU intensifiquem os esforços para fazer com que se alcance uma trégua duradoura.
Tradicional aliado de Israel, o governo dos Estados Unidos se absteve da votação, apesar de a secretária de Estado, Condoleezza Rice, ter classificado a resolução como “um passo à frente”. Ontem (8), Rice e os ministros das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, e do Reino Unido, David Miliband, passaram o dia em negociações com representantes dos países árabes. Os três países defendiam uma resolução mais “amena” do que a aprovada.
O documento contempla uma das demandas de Israel, que exige o fim do contrabando de armamento pelo Hamas na fronteira de Gaza com o Egito. Já o grupo islâmico quer que seja incluído no acordo o fim do bloqueio à Faixa de Gaza.
Depois da aprovação do documento, a ministra do Exterior de Israel, Tzipi Livni, disse que seu país vai continuar a agir pensando na segurança de seus cidadãos. Durante a madrugada, foram feitos pelo menos 50 ataques. De acordo com a Força Aérea israelense, foram atingidos depósitos de armas e locais usados para o lançamento de foguetes. Segundo médicos palestinos, pelo menos cinco membros de uma família morreram em um ataque contra uma casa. Um outro bombardeio teria destruído um prédio de cinco andares.
Tanto Israel quanto o Hamas rejeitaram o apelo para o cessar-fogo, de acordo com a agência Lusa. Para os israelenses, a resolução aprovada legitima o movimento islâmico e o equipara ao nível de Estado. Já o Hamas considerou que a resolução não levou o grupo nem o interesse palestino em conta, ainda que a considere uma prova do fracasso da ofensiva militar de Israel.
Ainda segundo a Lusa, a ONU informou hoje que cerca de 30 civis foram mortos em um bombardeio israelense que atingiu uma casa onde estavam 110 palestinos, em Gaza. De acordo com testemunhas citadas pela organização em um comunicado do Serviço da ONU para a Coordenação Humanitária (Ocha), no dia 4 de janeiro, soldados israelenses colocaram 110 palestinos numa casa em Zeitoun, metade dos quais eram crianças. Nas 24 horas seguintes, as forças israelenses teriam bombardeado a casa várias vezes, matando cerca de 30 pessoas.
De acordo com as estimativas, pelo menos 763 palestinos já morreram no confronto iniciado no dia 27 de dezembro. Cerca de 3,1 mil ficaram feridos. Entre os israelenses, 15 perderam a vida e dezenas ficaram feridos.