A mobilização de 26 categorias de servidores federais, que completa hoje 34 dias, conquistou importantes adesões na semana passada, como do pessoal das agências reguladoras. O movimento já ameaça o estoque de remédios e insumos farmacêuticos nos próximos dias, devido à greve de 40% dos funcionários da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Professores e técnicos-administrativos de universidades e institutos federais de ensino ultrapassaram dois meses de braços cruzados e alteram rotina de estudantes e formandos.
A paralisação de 60% dos servidores da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não impediu que as operadoras de celular Oi, Claro e TIM sofressem penalidades, na última quarta-feira, por conta do mau atendimento prestado ao cidadão. As queixas puderam ser registradas pelos consumidores porque as áreas de atendimento ao cliente do órgão regulador foram poupadas da greve.
O presidente do Sinagências (Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação), João Maria, destacou que os órgãos regulam 80% do PIB brasileiro: “Temos que nos unir para mostrar ao governo que somos importantes e temos quer ser valorizados”, diz.
O presidente da Associação de Docentes da UFRJ, Mauro Iasi, contou à Coluna que a greve continua por tempo indeterminado e que a categoria decidiu, em assembleia, rejeitar a proposta enviada pelo governo. “Os 45% de aumento alardeados pelo Executivo tratam-se de um número maquiado. Primeiro, porque já considera os 4% pagos este ano. E, segundo, não calcula a inflação dos próximos três anos”, explica.
Pesquisas ameaçadas
A paralisação dos servidores do IBGE já tem impacto em pesquisas de inflação elaboradas pelo instituto em alguns estados do País, revelou Susana Drumond, do comando nacional de greve da categoria.
Segundo ela, as adesões dos servidores também vão afetar as pesquisas de emprego e desemprego, pesquisas mensais do ritmo de produção das indústrias e das áreas de comércio e construção civil.
“As pesquisas elaboradas pelo IBGE são fundamentais para o desenvolvimento da economia do País. O governo só dá um passo sobre redução de juros, por exemplo, se souber o quadro de produção e consumo no Brasil”, explica Susana Drumond.
FONTE: Jornal O dia