se diferencia de todas as anteriores e afeta as vidas de todos, inclusive dos servidores do Poder Judiciário federal.
O palestrante classificou o processo de globalização que vivemos hoje como excludente, pois permite a circulação livre do capital, mas não do trabalho. “O maior muro do mundo nunca foi o de Berlim, mas sim o muro que separa os Estados Unidos do México; mais de cinco mil quilômetros que impedem que os trabalhadores mexicanos passem para o outro lado”, exemplificou o professor, acrescentando que o capitalismo e a globalização ainda trazem mais uma perspectiva pessimista, a de que, no século XXI, apenas metade da massa de trabalhadores seria necessária.
Já nos debates, o presidente do SITRAEMG, Alexandre Brandi Harry, levantou a questão do Documento 319, criado pelo Banco Mundial para impor normas no Poder Judiciário dos países subdesenvolvidos. O documento, cujo objetivo oficialmente anunciado seria assegurar um poder judiciário justo e eficiente, na verdade, alertou o presidente do Sindicato, visa mais proteger o setor econômico do que beneficiar o Judiciário e seus trabalhadores. Harry também chamou a atenção para os motivos que levam o documento a apontar deficiências na prestação de serviços do Judiciário, observando que não há qualquer relação com o trabalho dos servidores, mas sim com as razões que levam os cidadãos procurarem a Justiça – estas, em sua maioria, relacionadas justamente ao poder econômico e suas desigualdades.
Falar em condições de trabalho no Judiciário é trazer à tona a precarização do trabalho, comparou o professor João Antônio, citando como contribuintes para o desencadeamento desse processo a informatização e a terceização dos serviços públicos. Ele vê possibilidades de conciliar informatização e emprego na redução da jornada de trabalho, de forma gradual, a exemplo do que aconteceu na Suécia dos anos 70. Quanto à crescente terceirização dos serviços, foi mais incisivo, dizendo que estas são ações para resolver problemas fiscais do governo, problemas de caixa. “Para reduzir custos com direitos e aposentadorias, terceiriza-se o pessoal e abolem-se os concursos públicos”. Quanto a uma saída para tais questões, o professor se diz otimista, lembrando que o caminho é bem conhecido dos sindicatos e trabalhadores: “É preciso politizar estas questões, tranformá-las em tema para debate”, alertou.