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Museus em maior número e mais baratos em 2008

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O público terá outras opções com a abertura de novos espaços e pagará meia entrada nas instituições vinculadas ao governo.

Freqüentar museus em 2008 vai ficar mais barato: é que, além do dia gratuito, prática comum na maioria das instituições pagas, todos os museus vinculados ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) vão passar a cobrar meia entrada. A ação inédita faz parte da programação do Ano Ibero-Americano de Museus, que vai acontecer simultaneamente nos 22 países integrantes da comunidade. Só no Brasil são mais de 350 locais, que serão palco de dois mil eventos, entre exposições e programações paralelas. Além do incentivo à visitação, o setor vai ter um impulso de outra ordem. Pelo menos dois novos centros culturais de peso abrem suas portas nos próximos meses. Em março, será cortada a fita inaugural da Fundação Iberê Camargo, um belíssimo prédio de cinco andares às margens do rio Guaíba, em Porto Alegre, cujo projeto vem com a assinatura do consagrado arquiteto português Álvaro Siza, ganhador do Prêmio Pritzker, uma espécie de Nobel das artes. A outra instituição voltada para as artes plásticas é a Casa Daros, que será inaugurada no segundo semestre num casarão neoclássico do século XIX, localizado no bairro de Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. O projeto de revitalização do prédio está a cargo do arquiteto capixaba Paulo Mendes da Rocha, que fez maravilhas em sua intervenção no prédio da Pinacoteca do Estado, em São Paulo.

Orçado em R$ 35 milhões, a Fundação Iberê Camargo vai abrigar mais de quatro mil obras do artista gaúcho falecido em 1994. O conjunto de telas, gravuras, desenhos e guaches, mais da metade de sua produção total, vai ocupar as nove salas dos três andares superiores do prédio, que foi todo feito em concreto armado branco (esse tipo de concreto dispensa pintura e acabamento). A construção de 8.250 metros quadrados é tão arrojada que deu a Siza o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2002, ano do lançamento da pedra fundamental do edifício. Esse é o primeiro trabalho do português no Brasil, que considera a construção com fachada marcada por rampas e contornos arredondados uma “quase escultura”.

Um pouco diferente é a revitalização feita por Paulo Mendes da Rocha, também ganhador do Prêmio Pritzker, para a Casa Daros do Rio de Janeiro, já que o casarão de 12 mil metros quadrados é tombado pelo município. Construído em 1866 a partir de um projeto do arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, o prédio cercado de jardins e áreas livres pertenceu à Santa Casa de Misericórdia e nos últimos anos foi sede do Colégio Anglo-Americano. A Daros-Latinamerica, instituição sediada em Zurique, na Suíça, escolheu o local para a sua filial depois de descartar as cidades de Bogotá, na Colômbia, e Havana, em Cuba. Dona de um acervo de mais mil obras de 100 artistas latino-americanos, abre suas portas com uma exposição de longa duração e pretende ter uma forte atuação em arte-educação e no debate da produção contemporânea. Entre os nomes de ponta em sua coleção, que vai dos anos 60 aos dias de hoje, estão os brasileiros Waltercio Caldas, Lygia Clark, Cildo Meireles e Hélio Oiticica, os argentinos León Ferrari e Jorge Macchi e os venezuelanos Jesús Rafael Soto e Gego.

Com a abertura do centro cultural carioca, o Brasil passará a contar com um espaço de referência para a arte latinoamericana, como é o Malba – Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires e a Fundação Cisneros, na Venezuela. Ao que tudo indica, o Rio de Janeiro deve polarizar a agenda de artes plásticas em 2008, já que comemora em julho os 60 anos do Museu de Arte Moderna e começa a receber, no mesmo mês, as novas salas reformadas do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). Os novos ares do museu, que passou por uma crise administrativa em 2006 (o diretor Paulo Herkenhoff pediu demissão do cargo, sendo substituído pela museóloga Mônica Xexéo), poderão ser sentidos um pouco antes, com a abertura, em maio, da exposição Nicolas-Antoine Taunay – uma leitura dos trópicos, com 83 obras do artista pertencente à Missão Artística Francesa, que chegou ao Brasil em 1816. Mais de 50 obras dessa mostra vêm de fora, emprestadas por museus como o Metropolitan, de Nova York, o Louvre, de Paris, e o Victoria and Albert, de Londres.

Esta exposição faz parte dos 100 anos da vinda da família real e vai ser completada com uma exibição da coleção de dom João VI, que está na origem do acervo de mais de 16 mil obras do museu. O melhor da programação, contudo, acontece em novembro, com a reinauguração da Galeria de Arte Brasileira do Século XIX, fechada desde 2005. Com 2,5 mil metros quadrados de área, ela reúne cerca de 200 telas, entre elas os mais conhecidos ícones da pintura brasileira, fonte de pesquisa para estudiosos nacionais e internacionais e verdadeira aula de história nacional. É nela que se encontra, por exemplo, Primeira missa no Brasil, de Victor Meireles, Batalha do Avaí, de Pedro Américo, e O último tamoio, de Rodolfo Amoedo. A reforma da sala, iniciada em fevereiro, vai devolver esse acervo totalmente restaurado e com uma nova forma de apresentação, numa recauchutagem que, somada às outras obras em andamento, vai consumir R$ 17 milhões.


Fonte: Portal da Revista ISTOÉ

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