Responsáveis por auxiliar o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), a resolver o problema do nepotismo na Casa, a maioria dos membros da Mesa Diretora sequer prestou explicações ao peemedebista, que questionou-os formalmente se eles tinham parentes em seus gabinetes. Dos 11 membros da Mesa, sete não responderam ao ofício de Garibaldi.
No total, apenas 40 senadores explicaram, até a manhã desta terça-feira (14), se contratavam familiares (saiba quem são eles). Destes, apenas Epitácio Cafeteira (PTB-MA) e Gilberto Goellner (DEM-MT) admitiram a prática considerada ilegal por súmula do Supremo Tribunal Federal.
Dos 11 membros da Mesa, não prestaram explicações formais à Presidência: o vice-presidente, Alvaro Dias (PSDB-PR), o primeiro-secretário, Efraim Morais (DEM-PB), o segundo-secretário, Gérson Camata (PMDB-ES), o quarto-secretário, Magno Malta (PR-ES), e os suplentes Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), João Vicente Claudino (PTB-PI) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
Alguns parlamentares consultados pelo Congresso em Foco informaram que não prestaram esclarecimentos porque já demitiram seus parentes.
Frustrado com a baixa receptividade de seu pedido de explicações sobre o nepotismo, Garibaldi Alves se reúne hoje às 12h com os membros da Mesa. “Eu vou levar isso à Mesa. Eu quero que a Mesa me diga o que devemos fazer”, disse ele ontem à tarde.
Garibaldi vai defender a demissão de parentes que ainda permanecem no gabinete, mesmo após súmula do Supremo. “Vou reiterar que não tenha um prolongamento de uma situação que não deveria existir”, afirmou.
O presidente do Senado entende que seus colegas podem ter problemas com a Justiça caso não demitam os parentes. “O procurador-geral da República ou alguém vai querer puni-los por isso”, comentou o senador.
Recuo
Alguns senadores parecem ter mudado de opinião. Em ofício à Presidência, Cafeteira disse que o sobrinho trabalhava li desde 1997, o que não configuraria nepotismo.
Mas, hoje pela manhã, os auxiliares do senador disseram que ele demitiu seu parente. Eles não souberam informar quando isso aconteceu. A reportagem do Congresso em Foco aguarda retorno do chefe de gabinete e do assessor de imprensa do parlamentar.
Já a assessoria de Gilberto Gollner informou que contrata a sobrinha do colega Jayme Campos, que também é do DEM de Mato Grosso. Mas o gabinete não considera isso nepotismo cruzado.
Sem concurso público, a servidora foi contratada em 2001, antes da posse de Jayme Campos. “Além disso, ela está grávida de quatro meses”, informou a assessoria. Goellner espera uma decisão da Mesa hoje (14) para saber o que fazer.
Sem comunicação
Adelmir Santana (DEM-DF) é um dos que dispensou um parente, mas não informou a Presidência. Ele devolveu a filha para a Diretoria Geral. “Era lá que ela era lotada. Eu não podia demiti-la”, explicou o senador. A filha dele foi exonerada em 29 de setembro pelo setor comandado por Agaciel Maia. “Eu fiquei insistindo desde o início. Eu dispensei-a antes da carta do presidente Garibaldi.”
O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) mandou embora o genro, mas não quer demitir a primeira-dama de Sergipe, Eliane Aquino, esposa do governador Marcelo Déda (PT).
“É perseguição em cima da mulher do governador. Eu vou tirar ela de lá?”, afirmou o parlamentar. Ele disse defender o fim do nepotismo, mas não quer demitir Aquino porque ela não é sua parente.
O líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), mantém a funcionária não-concursada Carla Lyra, filha da secretária geral da Mesa, Cláudia Lyra. Segundo sua assessoria, ele aguarda um parecer da Advocacia Geral do Senado para saber o que fazer com a servidora.
A assessoria de Efraim Morais informa que ele demitiu seis sobrinhos. Almeida Lima (PMDB-AL) diz ter dispensado um sobrinho, assim como fez Garibaldi Alves. A assessoria de Augusto Botelho (PT-RR) informou que ele já demitiu o irmão.