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Maurício Godinho Delgado: pensando o Brasil a partir do Direito do Trabalho

*Por Rubens Goyatá Campante, servidor do TRT3 e filiado do Sitraemg
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Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria do SITRAEMG


O Ministro do Tribunal Superior do Trabalho Maurício Godinho Delgado credencia-se, com o lançamento de seu último livro “Direito do Trabalho no Brasil – Formação e Desenvolvimento: Colônia, Império e República”, a entrar no rol dos intelectuais que pensam o Brasil¹. Delgado parte de sólida base no Direito do Trabalho, tanto empírica, como magistrado, quanto acadêmica, como professor e autor², para, sem abandonar esse lastro, incursionar pela Ciência Política, Sociologia, História, Antropologia, entre outras. O objetivo é responder a uma inquietação: qual a razão do desprestígio dos direitos relacionados ao trabalho em nosso país, das dificuldades de uma nação tão rica como o Brasil estabelecer políticas sociais minimamente sólidas e civilizadas?

A resposta encontrada por ele – sem a pretensão de resumirmos, nessas poucas linhas, o argumento de obra tão densa – passa pelas marcas profundas da escravidão entre nós. Joaquim Nabuco já anotava, no século XIX, que a escravidão, do modo pelo qual foi aqui estabelecida, configuraria uma espécie de “instituição total”, ou seja, uma realidade que não se limitaria ao universo do trabalho ou da economia, mas incidiria também sobre o Estado, a sociedade, a cultura. Delgado encontra as marcas dessa instituição ao seguir o fio condutor dos direitos relacionados ao trabalho em nossa formação.

Chama a atenção, aliás, o termo “formação”, presente no subtítulo do livro de Delgado. Ele se encontra, também, no título ou subtítulo de vários livros importantes do pensamento social brasileiro2. Mais que o termo, que a palavra, está presente, nesses livros, a perspectiva de buscar compreender o Brasil e suas encruzilhadas por meio de uma abordagem histórica e ampla de nossa trajetória.

Tais livros, como afirmam André Botelho e Lilian Moritz Scharcz, não respondem às mesmas questões e nem sempre dialogam entre si. Contribuíram, porém, para a compreensão da sociedade brasileira e seu resultado “é uma visada geral sobre a nossa formação, nas várias dimensões desse processo – cultural, política e social”³. É o que está presente no livro de Delgado, tendo os direitos sociais e trabalhistas como base e como problema: essa visada geral sobre nossa formação, em suas multidisciplinares dimensões analíticas. E, na raiz dessa empreitada intelectual de fôlego, a aflição de pensar o nosso Brasil como enigma e como problema: por que tanta e tão persistente desigualdade?

Nessa entrevista, concedida com exclusividade ao SITRAEMG, Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal em Minas Gerais, Delgado fala do conteúdo de seu livro e de outras questões importantes relativas ao universo do trabalho e da justiça em nosso país.

Vale a pena conferir!

Clique aqui e confira a entrevista completa!


¹ Os exemplos são vários: “Formação do Brasil Contemporâneo”, de Caio Prado Júnior, “Formação Econômica do Brasil”, de Celso Furtado, “Formação da literatura brasileira”, de Antônio Cândido, “Casa-Grande e Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal”, de Gilberto Freyre, “Os Donos do Poder: formação do patronato político brasileiro”, de Raymundo Faoro.

² Delgado possui, também, formação em Ciência Política, completou o Mestrado em Ciência Política pela UFMG e lecionou no Departamento de Ciências Políticas da UFMG de 1978 a 1992.

³ BOTELHO, André; SCHWARCZ, Lilian Moritz. Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 12.

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