A deterioração do mercado de trabalho, agravada pela crise sanitária, econômica e social, tem afetado mais as mulheres, em especial as mulheres negras.
É o que aponta um levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio Econômicos (Dieese), divulgado na segunda-feira, 7 de março (veja aqui).
Intitulado “Mulheres no mercado de trabalho brasileiro: velhas desigualdades e mais precarização”, a publicação compara os números dos terceiros trimestres de 2019 e 2021. Os dados utilizados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o Dieese, no terceiro trimestre de 2021, a força de trabalho feminina contava com 1.106 mil mulheres a menos do que no mesmo trimestre de 2019. Se em 2019, havia 47.504 mil mulheres ocupadas, em 2021 o número diminuiu para 46.398 mil.
Segundo o levantamento, esse número mostra que “parcela expressiva de trabalhadoras saiu do mercado de trabalho durante a pandemia e ainda não havia retornado em 2021”.
Retrato que se agrava quando observada a situação das mulheres negras, cuja a redução foi de “925 mil mulheres no período, número superior ao das não negras, correspondente a 189 mil”.
O levantamento mostra que o contingente de mulheres que não buscou ocupação e não trabalhou entre 2019 e 2021 aumentou 2.842 mil, passando de 39.553 mil para 42.395 mil.
“O resultado indica o desalento de parcela expressiva de mulheres que antes trabalhavam e agora não acreditam ser possível conseguir nova colocação ou têm receio de voltar ao trabalho por causa da pandemia”, explica o estudo.
Outro dado alarmante é que, no terceiro trimestre de 2021, quase metade das mulheres desempregadas procuravam colocação no mercado de trabalho há mais de um ano. Entre as mulheres negras, o percentual era de 49,9%, já entre as não negras, 47,6%. “Esse quadro é reflexo da crise sanitária e da desestruturação do mercado de trabalho pré-pandemia”, afirma o levantamento.
Diferença salarial
Sempre segundo a divulgação do Dieese, no período analisado, os rendimentos das mulheres continuaram inferiores aos dos homens. “O rendimento médio feminino foi de R$ 2.078, no terceiro trimestre de 2021, e o masculino, de R$ 2.599”, informa o estudo.
“Na comparação, as mulheres ganharam 80% do recebido pelos homens, proporção maior do que os 78% verificados no terceiro trimestre de 2019, quando elas recebiam R$ 2.139 e os homens, R$ 2.742”, demonstra.
Quando observada a remuneração por hora, as mulheres receberam R$ 13,89, em média, e os homens, R$ 15,25. A diferença aumenta quando considerados os critérios de raça/cor. “A remuneração média das mulheres negras foi de R$ 10,83 e a dos homens negros, de R$ 11,67. Entre os não negros, as mulheres receberam R$ 17,13 e os homens, R$ 19,73”, retrata.
“Esses valores médios por hora mostram que o trabalhador negro recebe um pouco menos de 60% do rendimento do homem não negro e a mulher negra, apenas 54,9%, enquanto para a não negra, a proporção é de 86,8%”, registra o estudo.
Já em ocupações típicas de ensino superior, a mulher ganhou, no terceiro trimestre de 2021, R$ 31,41 por hora e os homens, R$ 44,41. Em outras palavras, “elas receberam cerca de 71% dos rendimentos masculinos”.
Assessoria de Comunicação
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