Cristina Kirchner toma posse hoje na Argentina

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Sai Néstor Carlos, responsável por uma reviravolta na situação econômica do país, e entra na Casa Rosada sua mulher, Cristina Elizabet, que promete novas e importantes conquistas
Buenos Aires – A Argentina terá a mais calma e peculiar transmissão de poder de toda a sua história. Pela primeira vez, uma mulher eleita nas urnas, Cristina Fernández de Kirchner, vai chefiar o Estado e conduzir a nação que não tira da memória uma outra mulher, Eva Perón. Será também a primeira vez na história mundial que um presidente eleito democraticamente, Néstor Kirchner, passa o cargo para sua mulher, legítima.

A cerimônia de posse será realizada à tarde no Congresso Nacional. A expectativa é que Cristina realize um longo discurso, no qual apresentaria suas diretrizes econômicas. Cristina, eleita com 45,2% dos votos em outubro, começa seu governo com uma alta popularidade e elevadas expectativas. Segundo uma pesquisa de opinião efetuada pela consultoria Analogias, 66% dos entrevistados garantem que o governo de Cristina será “bom”. Outros 6,5% indicam que será “muito bom”. Somente 16,4% acham que será “ruim” e (4%) muito ruim.

A pesquisa também ressalta a fama de Cristina como uma política “durona”, já que 8,17% dos entrevistados definem a “firmeza” como sua principal característica. Segundo a diretora da consultoria, Analia del Franco, “os argentinos acreditam que ela vai manter a estabilidade econômica e que não ocorrerão turbulências de peso”.

Uma outra pesquisa, essa da consultoria Ricardo Rouvier e Associados, mostrou que, para 76,4%, Kirchner deixa o governo com uma imagem positiva, nível sem precedentes para o fim de um mandato desde o retorno do regime democrático, em 1983. Segundo essa sondagem, Cristina começa sua presidência com 62,5% de aprovação popular.

PECULIARIDADES Kirchner é um dos raros presidentes argentinos que conseguiu completar seu mandato. Desde o início do voto secreto e universal em 1916, somente quatro presidentes conseguiram completar seus governos (Hipólito Yrigoyen, Marcelo T. de Alvear Juan Domingo Perón e Carlos Menem). A imensa maioria dos presidentes caiu por golpes militares, conspirações civis ou graves crises econômicas.

Kirchner é também o primeiro presidente que, podendo recorrer ao mecanismo da reeleição, não o utilizou, optando por colocar sua esposa Cristina como candidata. Outra peculiaridade desta passagem de poder é que nunca antes um sucessor manteve tantos ministros provenientes do governo antecessor (mais de dois terços dos ministros permanecem no gabinete). De quebra, será a primeira vez na história em que um ex-presidente (Kirchner) e a presidente (Cristina), habitarão na mesma casa, ou seja, a residência oficial de Olivos.

Cristina, no entanto, não será a primeira presidente mulher da História do país. Em 1974, María Estela Martínez de Perón – mais conhecida como “Isabelita” – assumiu o poder por ser a vice-presidente de seu esposo, o general Juan Domingo Perón, que faleceu menos de um ano após ser eleito para seu terceiro mandato. Mas, em 1976, após ter comandado um dos governos mais caóticos da história argentina, Isabelita – que havia sido dançarina de cabaré no Panamá antes de conhecer Perón – foi derrubada por um golpe militar.

CONTINUAÇÃO No sábado, durante a cerimônia de posse do governador da província de Chubut, Cristina deu a entender que o marido continuará exercendo forte influência. “Este homem deixa de ser presidente no dia 10 de dezembro. Mas, para mim, e sei que para todos os argentinos, continuará também sendo presidente.” Mas, horas mais tarde, Kirchner iria declarar ao jornal Clarín que não será bem assim. “Cristina terá “uma liderança indiscutível”, ele disse. “O tempo histórico a ajuda, já que a pior parte da crise já passou. Ela construirá uma liderança sobre qualidades políticas que eu não tenho.” Segundo o ainda presidente Kirchner, “essas qualidades encaixam com as novas demandas da sociedade. As demandas serão diferentes, mais sofisticadas do que nos anos anteriores. Cristina está muito bem preparada para isso”.

A passagem de poder das mãos de Kirchner para Cristina provocou uma onda de piadas populares e tornou-se um prato cheio para os caricaturistas. O jornal Página 12, que publicou um suplemento de charges sobre a posse, mostra em uma caricatura Kirchner, segurando o bastão presidencial, enquanto olha para Cristina, que está sentada vendo TV. “Tá bom, Cris…aqui está o bastão presidencial. Mas em troca me dá o controle remoto do televisor!”, exige Kirchner.

Parceria

Cristina Elisabet Fernández, nascida na cidade de La Plata, em 19 de fevereiro de 1953, e Néstor Carlos Kirchner se conheceram quando ambos estudavam direito e militavam no Partido Justicialista. O casamento foi em março de 1975. Juntos, foram morar na província de Santa Cruz, montaram escritório de advocacia e tiveram dois filhos, Máximo e Florencia. E continuam fazendo política. Em 2003, ela foi eleita senadora pela província de Buenos Aires e ele, para surpresa geral, conquistou a presidência da República. Mesmo tendo feito uma boa administração e liderando todas as pesquisas de opinião como o candidato favorito dos argentinos, para as eleições deste ano, Kirchner preferiu ceder lugar à mulher. Cristina venceu o pleito de 29 de outubro com larga margem de vantagem sobre a adversária mais forte e evitou um segundo turno.


Fonte: Jornal Estado de Minas

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