Os trabalhadores da Cemig e da Copasa travam forte batalha com Romeu Zema ante a determinação e a pressa do governador do estado em privatizar essas empresas estatais mineiras.
Essa história de luta foi contada pelos presidentes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos de Minas Gerais (Sindagua), Eduardo Pereira, e do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro), Emerson Andrada, na edição do programa A Voz do Servidor da última quinta-feira, 16 de outubro, pela rádio Autêntica Favela.

No programa, apresentado pelo coordenador do Sitraemg Carlos Cabeça, os dois entrevistados destacaram que Zema acelerou ainda mais o discurso das privatizações depois que a Assembleia Legislativa mineira aprovou a Lei nº 25.282/2025, autorizando a adesão do estado ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). O Propag, do governo federal, prevê uma revisão aprimorada dos termos das dívidas contraídas por estados e o Distrito Federal com a União.
O governador de Minas insiste no discurso de que é preciso vender estatais para reunir os recursos necessários para pagar a dívida mineira, atualmente avaliada em cerca de R$ 170 milhões. Só que ele quer fazer isto na base da pressão. Em vez de respeitar a Constituição Estadual, segundo a qual a autorização para privatizações tem que ser aprovada por três quintos do total de votos de deputados estaduais e por um referendo junto à população, ele quer mudar a Constituição para não ter que ouvir nem os deputados nem o povo.
Manipulação de documento
Os presidentes do Sindagua e do Sindieletro denunciaram, ainda, que recentemente Zema, com a pressa de livrar o estado das estatais, impôs sigilo a documentos que destaca a Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais) como uma das empresas mais valiosas do Brasil, por ser a administradora de importantes reservas de nióbio, lítio e terras raras. Segundo cálculos do deputado Professor Cleiton, a empresa valeria atualmente cerca de R$ 56 bilhões. Emerson Andrada destacou que esse valor já seria o suficiente para amortizar 20% da dívida do estado inicialmente, como quer o governador, e ainda sobraria dinheiro. Mas Zema insiste que precisa vender também a Copasa e a Cemig.
E esse discurso do governador ficou ainda mais sem sentido depois que o presidente Lula assinou decreto adiando, por mais um ano, até o final de 2026, o prazo para os estados aderirem ao Propag.
Uma pesquisa realizada pela Rádio Itatiaia mostra que 66% da população quer ser consultada sobre a privatização da Copasa. E outra pesquisa, conduzida pela Assembleia Legislativa, revela que a maioria da população é contra as privatizações. Na avaliação de Eduardo Pereira, Zema quer é cumprir o compromisso que fez com o “mercado” de vender as estatais, a baixos preços, seguindo o que já conseguiram seus companheiros de espectro político presidenciáveis, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.
Luta conjunta
O Sindagua e o Sindieletro, em um trabalho conjunto, estão levando o debate sobre as privatizações para audiências públicas nos legislativos estadual e municipais. Uma já foi feita na Câmara Municipal de Belo Horizonte, no dia 17 de outubro, haverá outra na Câmara Municipal de Montes Claros, nesta segunda-feira (20), às 19 horas, e uma terceira está agendada para a Assembleia Legislativa, na quarta-feira, 22/10.
Comentaristas do programa
Na coluna “Bola dentro, bola fora”, o pesquisador do TRT3 e filiado Rubens Goyatá Campante classificou como “bola dentro” o Dia do Professor, celebrado em 15 de outubro, destacando que o professor é fundamental para a educação, assim como a educação para o povo. “Povo que sabe ler e escrever não permite ser mandado”, disse. Como “bola fora”, ressaltou o relatório do deputado Pedro Paulo (PSD/RJ) para a proposta de Reforma Administrativa que apresentou na Câmara dos Deputados. Lembrando que o deputado é acusado de empregar a sogra em gabinete de um vereador do município do Rio de Janeiro, alertou que, sob o falso discurso de “modernização” do serviço público, o objetivo da reforma é trocar os servidores efetivos por apadrinhados dos políticos, em detrimento dos servidores e do serviço público. Como “bola na trave”, citou a pressão da imprensa para que o presidente Lula escolha negro ou mulher para a vaga do ministro Luiz Roberto Barroso no STF. Para ele, se for negro ou mulher, ótimo, mas o mais importante é que seja um ministro ou uma ministra que defenda os direitos do povo, dos trabalhadores e dos pobres.
Em seu já tradicional comentário, a coordenadora do sindicato Joana D’Arc Guimarães também abordou a Reforma Administrativa. Afirmou que o relatório do deputado Pedro Paulo coloca os servidores efetivo como um “problema”, para substituí-los por terceirizados de empresas privadas, quando se sabe que são os concursados que prestam um bom serviço para a população. Lembrando que os servidores já passam por avaliação por desempenho, avaliou que as novas regras pretendidas para medir o trabalho dos servidores visa somente naturalizar nos órgãos públicos a prática da perseguição e demissões. Também alertou que a reforma prejudicará não só os servidores em atividade, mas também os aposentados.
Assessoria de Comunicação
Sitraemg