Um levantamento feio pela Comissão da Pastoral da Terra (CPT) e divulgado nesta segunda-feira (17/04) mostra o aumento dos conflitos por água no Brasil. Segundo dados da pesquisa, que leva o nome de “Conflitos no Campo – Brasil 2016”, só no ano passado foram cerca de 172 casos de conflito pelo recurso hídrico. Desses conflitos, 101 foram motivos por decisões do uso e preservação da água; 54 por criação de barragens e açudes e 17 por apropriação particular. No total, foram cerca de 44 mil famílias atingidas por estes conflitos.
Ainda segundo dados do estudo, a região Sudeste concentra 68 dos 101 casos conflitos por uso e preservação de recursos hídricos. Os moradores de Minas Gerais e do Espirito Santo parecem colher maus frutos do rompimento da Barragem em Mariana: os dois estados afetados pela lama decorrente da barragem da mineradora Samarco apresentam juntos 75 conflitos ou 43,5% do total das disputas por água.
O estudo ainda indica que a atividade de mineração contribuiu com 51,7% dos conflitos. Outra atividade que também cria um espaço de conflito são as hidrelétricas, que representaram 23,2% dos problemas por disputa de água.
No Nordeste, o problema é outro. A região que sofre com frequência com a estiagem e longos períodos de secas, sofreram com nove dos 17 casos de apropriação particular da água. Pessoas que se envolveram em conflito nessa categoria foram atingidas pela ganância de fazendeiros e grandes proprietários de terras, que ainda dominam essa região.
Populações atingidas
A população ribeirinha, pescadores, pequenos agricultores, e até a população indígena também são afetados por esses conflitos. Foram 64 atingidos entre os ribeirinhos, 31 entre os pescadores, 16 entre os pequenos agricultores e 15 entre os indígenas. O problema da disputa pela água envolveu 443 mil famílias entre os anos de 2012 e 2016. Nesses período, foram mais de 1100 conflitos dessas famílias pelo recurso.
A pesquisa
Realizada pelo CPT desde 2002, a pesquisa sobre os conflitos mostra uma oscilação das disputas por água de ano pra ano. Entretanto, em 2011 o número de conflitos era 69, e no ano passado, 172. Essa diferença representa um aumento de 150% dos conflitos em apenas cinco anos.
A tabela abaixo mostra os registros do CTP, desde 2002:
Ano | Número de conflitos |
2002 | 8 |
2003 | 20 |
2004 | 60 |
2005 | 71 |
2006 | 45 |
2007 | 87 |
2008 | 46 |
2009 | 46 |
2010 | 87 |
2011 | 69 |
2012 | 79 |
2013 | 101 |
2014 | 127 |
2015 | 135 |
2016 | 172 |