Em 2024, o sindicato procurou alguns servidores e servidoras que já encerraram o trabalho nos tribunais para saber como estão aproveitando esta etapa da vida.
O que encontramos foram respostas bem distintas, que confirmam a diversidade de possibilidades que a aposentadoria traz.
Muito o que aprender e fazer
Terezinha de Jesus Silva Freitas tinha como primeiro objetivo após aposentar do TRT, em 2017, mudar do apartamento para uma casa, com ar puro. A maior motivação era proporcionar mais espaço e liberdade para os netos.
O sonho foi realizado em 2023. Hoje, ela mora em um condomínio em Vespasiano, e já planeja a horta e o jardim.
Ela conta que, no início da aposentadoria, sentiu falta do trabalho, mas que é muito grata pela atual fase da vida. “Quando a gente amadurece, cria mecanismos que melhoram a nossa paciência, tolerância e compromisso com o que é importante. A aposentadoria é um passo adiante nesta compreensão”.
Terezinha completa: “Quando estamos muito preocupados com a produtividade, não conseguimos observar o essencial e ver cada etapa da vida. Não há tempo para isso”.
Mas a vida de Terezinha, agora aposentada, está longe de ser pacata. Nos últimos anos, já acompanhou viagens e encontros promovidos pelo Sitraemg e pela Fenajufe.
Para ela, é muito importante lembrar que pertence, de fato, a uma categoria, pois, na aposentadoria, este sentimento pode ir se perdendo. “Por isso, chamo os colegas para a luta. Espero, de alguma forma, influenciá-los, porque sei que a gente soma nos movimentos e sente uma grande realização social e na vida pessoal. É maravilhoso”.
Ganho extraordinário de tempo
Desde que se aposentou, a servidora do TRF6 Maria Conceição da Cruz navega noutros “mares”. No lugar de processos e documentos, ela ocupa os dias, com talento, fazendo música e cursos para o desenvolvimento da mente, além de trabalho voluntário.
Membro da Academia Divinopolitana de Letras – ADL e da Academia de Letras de Pará de Minas – ALPM, Conceição Cruz escreve versos, crônicas, romances, letras de música e criando melodias. “A composição vem surgindo de forma espontânea”, afirma.

Saudade da rotina do trabalho? Conceição Cruz admite não ter sentido. “Com a aposentadoria, a minha visão de mundo mudou! A vida passa muito rápido e ser aposentada é um ganho extraordinário de tempo para dedicar maior atenção às pessoas, a estudar e para treinar a mente. Então, o trabalho continua, só que em outra esfera”.
Em outubro de 2021 e em novembro de 2023, as suas canções foram gravadas na voz de Gê Lara e outros músicos mineiros, com direito a festas de lançamento.
Ouça algumas das músicas com letra e ou melodia da servidora Conceição Cruz
1- Tons de primaveras de Minas:
2 – Beleza Negra (https://onerpm.link/221165670069)
3- Para leitura de alguns textos publicados desde 2019 até os dias atuais, acesse o blogue da ALPM – Academia de Letras de Pará de Minas
https://www.academiadeletrasdeparademinas.com
Ser aposentado é muito bom
Quase oito anos após a aposentadoria, Gerson Appenzeller (Chico Bento), oficial de justiça da Justiça Federal, ainda lembra como sentiu a mudança brusca de rotina.
“Nós, oficiais de justiça, temos, no trabalho, uma vida bem intensa. Viajamos muito. De imediato, senti esta mudança de rotina e grande perda remuneratória. Tive que me organizar. Mas, a médio e longo prazo, foi melhor. Sobretudo porque há uma tendência, intencional, de reduzir os quadros do serviço público e isso sobrecarrega muito quem permanece em atividade. Isso fica claro pelo que os colegas da ativa me relatam”.

Hoje, Gerson mora em Tiradentes. Nem sempre dá para realizar as atividades coletivas como gostaria, mas contribui com a advocacia popular e, frequentemente, está nos eventos do Sitraemg, em Belo Horizonte. “Ser aposentado é muito bom, principalmente mantendo a atividade sindical e a representação politica. O ideal é que tarefas domésticas ou familiares não impeçam essa atividade coletiva e política,” afirma o filiado que já do Conselho Fiscal do sindicato.
Preencher a vida de novo
Para Mauro Alvim, servidor do TRT e dramaturgo, aposentar, num primeiro momento, não foi motivo de felicidade. Mas, para ajudar na superação, Alvim foi para o Rio de Janeiro e participou de algumas novelas bíblicas, na TV Record. De volta a Belo Horizonte, ele atua como produtor de teatro, roteirista, ator e diretor.
“Primeiramente, depois da aposentadoria, pude terminar o meu romance ‘Justiça seja feita’. Atualmente estou em cartaz em BH com a peça “O pacotão dos traídos” e, para 2025, pretendo investir no cinema, apesar do baixo orçamento (do setor)”, conta
O grande objetivo de Alvim é colocar m cartaz uma peça de sua autoria e com sua direção. “Um texto espírita que vai fazer todo mundo refletir sobre o pós vida terrena”, detalha.
“Sigo no karatê e, para 2025, espero realizar meu sonho de chegar à faixa preta. De resto, quando a grana sobra, aí faço uma viagem para longe com a família”, revela.

A gente faz o próprio tempo
Hélio Cangussu aposentou-se em janeiro de 2011, do TRT. “Aposentei-me com objetivo de descansar e aproveitar a vida, cuidando de alguns afazeres que antes era impossível”, conta.
Hoje ele mora em um sítio, sozinho, criando patos, galinhas, gansos e peixes. “Tudo isto por prazer, sem a intenção de ganhar dinheiro. E, o mais importante, com tempo para fazer companhia para minha mãe, hoje com 105 anos”, diz.
Para ele, a aposentadoria é ótima, porque permite fazer o próprio tempo. “Sou feliz por estar, conscientemente, vivendo o que sempre sonhei. Tudo isso é a minha história, a minha vitória, o que muitos ainda não têm a condição de viver e perceber”, afirma.

Hélio reconhece que a vida é um eterno sonho e que não podemos parar de sonhar. “A cada sonho vivido, surgem outros sonhos para serem vividos. Isto é a vida. Hoje, penso em muitas coisas para viver, que não sei ainda como começar. Encontrar uma companheira, que tem os mesmos princípios e os desejos meus, para viver juntos a sorrir, todos os momentos da vida que ainda nos resta, é um dos novos sonhos”, revela.
A vida é movimento
Laércio Garcia Ribeiro aposentou-se do TRE-MG, em 2014, e se sentiu muito bem, com as muitas tarefas da vida pessoal que tinha para fazer.
“Meu pai estava 92 anos e a minha mãe com 85. Ocupei o tempo com eles. Também, na época, eu tinha um enteado com 9 anos e dava uma força levando ele para a escola e buscando. Enfim, tinha muita coisa pra fazer”, relembra.
Fora os compromissos familiares, Laércio também se ocupou com leitura, academia, corrida e caminhada de rua. “Também adoro cozinhar e isto toma tempo”, conta.
O pai do servidor faleceu em 2021 e a mãe está com 96 anos. “Na maior parte do tempo, procuro ajudar e apoiar a minha família e a minha mãe, o que toma muito tempo”.
Sempre que possível, Laércio e a namorada Lourdes Maria, também aposentada do TRE-MG, viajam. “Adoramos praia, cidades históricas e conhecer locais que nos indicam,” conta.
Reacender a chama
A servidora da Justiça Federal e hoje coordenadora do Sitraemg Joana D’arc Guimarães aposentou-se em 2019. “Logo depois veio a pandemia. Neste período fiquei cuidando de meus pais. Mas senti muita falta dos meus amigos e do trabalho”, lembra.

Logo em seguida, Joana reativou a carteira da OAB e começou a advogar. “O tempo foi passando e fui convidada para fazer parte da chapa Avança Sitraemg, como coordenadora executiva, o que aceitei e obtivemos uma grande vitória. Essa minha participação em defesa dos direitos de nossa categoria acendeu novamente em meu peito a chama da esperança por dias melhores”, afirma.
O importante na aposentadoria, acredita Joana D’arc Guimarães, é aproveitar o tempo livre para fazer o que mais gosta. “O trabalho no Sitraemg é voluntário e, para mim, muito gratificante, pois, a todo momento, faço novas amizades e conheço novas pessoas, que se manifestam para lutar junto com a gente pelos nossos direitos,” afirma.
Assessoria de Comunicação
Sitraemg