Fora Bolsonaro! Fora genocida! Impeachment! Vacina para todos! Vacina já! Com essas e outras palavras de ordem, milhares de belo-horizontinos foram para as ruas na manhã deste sábado (29), a maioria a pé, mas também em centenas de carros, para finalmente externar, em público, o grito de total indignação que estava entalado na garganta com o “desgoverno” Bolsonaro. Todos usando máscaras e respeitando o distanciamento social, como recomendado pelos profissionais de saúde para evitar o contágio e disseminação do novo coronavírus, os participantes pediram a saída imediata do presidente Jair Bolsonaro e de toda a equipe de um governo que se orienta por uma política de destruição do Estado, do meio ambiente, da saúde, da educação, dos serviços públicos em geral, das comunidades indígenas e quilombolas, e da democracia.
A manifestação, que pode ser melhor definida como “carro-passeata”, foi organizada pelo Sitraemg e várias outras entidades e movimentos sociais e estudantis. Teve início na Praça da Liberdade, desceu pelas avenidas João Pinheiro e Augusto de Lima, virando a rua Santa Catarina na altura do Mercado Central, e seguiu pela avenida Amazonas, passando pela Praça Sete e encerrando-se na Praça da Estação. Mesma atividade de mobilização aconteceu, também hoje, em diversas outras cidades pelo país.
Galeria de fotos:
De dentro do carro, e ao microfone, o coordenador do Sitraemg David Landau denunciou a opção do governo pelo negacionismo e por atitudes irresponsáveis e, mesmo criminosas, em relação à pandemia. “Entre ameaças à democracia e ataques à imprensa, o governo gastou 90 milhões (de reais) com remédios ineficazes, para favorecer um laboratório. É mais um crime que custou a vida de milhares de brasileiros”, afirmou, referindo-se ao discurso de Bolsonaro em defesa do uso da hidroxicloroquina e de outros remédios para tratamento preventivo à Covid-19, apesar de ineficazes segundo a ciência, enquanto, por outro lado, incentivava as pessoas a se aglomerarem e andarem sem máscaras. Além disso, dificultava o fornecimento de respiradores e outros insumos aos hospitais e se negava a adquirir antecipadamente vacinas que estavam em fases de estudos e testes. “Fora Bolsonaro. Fora genocida. Fora milícias!”, completou.
Fala do coordenador David Landau:
Com muitos dos manifestantes estampando frases em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), que mostrou sua fundamental importância no enfrentamento ao novo coronavírus, e dos setores de saúde e educação, que estão sendo massacrados pelo governo, Landau ressaltou a importância da luta em defesa dos serviços públicos. “Pela vacina, contra a Reforma Administrativa, o Sitraemg está aqui junto na carreata, fazendo essa manifestação que desperta as atenções de centenas de milhares de belo-horizontinos e de brasileiros”, explicou, lembrando que o número de pessoas no ato só não foi maior porque muitas pessoas ainda se sentem inseguras para saírem às ruas e frequentarem locais com multidões. “Mas, pra aqueles que não vieram, mas que gostariam de estar aqui, na nossa manifestação, digo que este é momento em que a gente se sente forte, sente que está unido, para construir uma outra realidade”, afirmou.
Também presente na carreata, e caminhando, ao passar pelo coordenador do Sitraemg a filiada Adriana Araújo, servidora da Justiça Federal, deixou o seu recado ao microfone. “Somos contra a PEC 32, em defesa do serviço público de qualidade. O Brasil precisa do serviço público valorizado. Não às privatizações. Serviço público, hoje e sempre”. Adriana.
Adriana Araújo:
Atrito
Quando parte dos manifestantes descia a avenida Augusto de Lima, um homem, de dentro de um carro, simulou um gesto várias vezes repetido por Bolsonaro, atirando, e insinuou que ia pegar uma arma. Ao ver que os manifestantes iam regir, saiu em disparada, virando pela rua Rio de Janeiro, até desaparecer.
Concentração na Praça da Liberdade, de onde saiu a “carro-passeata”: