Representantes de diversas entidades, todas parceiras do Núcleo Mineiro da Auditoria Cidadã da Dívida, reuniram-se na noite desta segunda-feira, 22, na sede da AFFEMG – Associação dos Funcionários Fiscais do Estado de Minas Gerais. Como tema principal da reunião, a avaliação das manifestações que aconteceram em Minas desde junho e como o movimento se insere na atual conjuntura. O coordenador de finanças do SITRAEMG, José Francisco Rodrigues, representou o Sindicato – o filiado e servidor do TRT-3 Luiz Fernando Rodrigues também esteve presente.
Os relatos dos participantes da reunião deixaram claro que há, cada vez mais, uma conscientização sobre a importância de uma auditoria da dívida pública brasileira. O tema vem sendo abordado nas assembleias dos movimentos populares e nas aulas públicas promovidas em Belo Horizonte e tem despertado grande interesse do público – e aumentado a demanda pela presença de representantes da Auditoria Cidadã, para dar “aulas” para outros movimentos sobre a dívida pública e suas implicações.
A conseqüência disso é que mais e mais segmentos têm se juntado ao movimento pela auditoria cidadã, de acordo com Maria Eulália Alvarenga, economista e coordenadora do Núcleo Mineiro da Auditoria Cidadã da Dívida. “A dívida pública brasileira é maior até que os gastos com a Copa do Mundo. É preciso esclarecer isso para a população para que ela dê mais atenção ao tema e se mobilize”, disse.
É preciso lembrar a força das ruas
Na avaliação do coordenador do SITRAEMG José Francisco Rodrigues, a manifestação de 11 de julho em Belo Horizonte foi a melhor do país, em termos de quantidade de participantes e relevância. Ele destacou a unidade entre os movimentos sociais e as centrais sindicais como um ponto positivo, mas apontou que ainda falta essa unidade com mais trabalhadores. O sindicalista também chamou a atenção para o “sumiço” do plebiscito proposto pelo governo federal em resposta ao grito das ruas da mídia: “é preciso pautar a reforma política e pressionar por isso o quanto antes”, alertou. Já o servidor do TRT-3, Luiz Fernando Rodrigues, ressaltou a necessidade de mais participação “de fato” das pessoas nas mobilizações, criticando aqueles que reclamam da situação como está mas não saem às ruas “e ficam só na internet, ‘aporrinhando’ quem vai para a rua lutar”.
Dentre os outros representantes de entidades presentes – universidades, partidos políticos e movimentos sociais – foi consenso que, se o poder de mudança que o povo mobilizado tem for mais divulgado, tiver mais “propaganda”, vai haver uma adesão maior às manifestações. Eles ainda disseram que é preciso que a população tenha mais informações e que os trabalhadores, especialmente, saiam às ruas, mas organizados também enquanto categoria e não só como cidadãos insatisfeitos, para pressionar ainda mais. A importância da juventude no processo todo não foi esquecida: para os participantes da reunião, se os jovens tiverem informação e formação política, “eles não vão decepcionar”.
Carta para Dilma
Durante a reunião, também foi abordada a carta à presidente Dilma Rousseff, na qual constam propostas do Movimento pela Auditoria Cidadã da Dívida para o atendimento das demandas sociais. O documento começou a ser elaborado durante reunião realizada no dia 16 de julho, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, em Brasília, contando também com a participação da Fenajufe (veja matéria a respeito).
Além de informações sobre a necessidade de se auditar a dívida, a carta também traz gráficos que demonstram a gritante discrepância na distribuição do orçamento brasileiro – do qual apenas 1,33% é gasto com o Judiciário, conforme o gráfico em pizza (veja aqui) que vem sendo enviado por e-mail pelo SITRAEMG aos servidores. A coordenadora Maria Eulália Alvarenga recomendou que as entidades multipliquem o documento e utilizem todos os meios disponíveis para garantir que essas informações cheguem às mãos da presidente.