Ato no STF pede fim da impunidade nos 6 anos da chacina de servidores em Unaí

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Quatro servidores do Ministério do Trabalho foram mortos quando combatiam casos de trabalho escravo no interior de Minas Gerais

Manifestação realizada na manhã de quinta-feira, dia 28, em frente ao Supremo Tribunal Federal, exigiu o fim da impunidade para as mortes de quatro servidores do Ministério do Trabalho e Emprego ocorridas em Unaí, Minas Gerais, há seis anos.

A chacina aconteceu quando eles atuavam no combate ao trabalho escravo na região, no dia 28 de janeiro de 2004. Há nove suspeitos indiciados, mas até agora nenhum deles foi julgado. Na chacina foram mortos três auditores fiscais do Trabalho e o motorista do ministério. “ERATÓSTENES, JOÃO BATISTA, NELSON e AILTON foram vítimas da intolerância, da afronta ao Estado, do desrespeito à Lei. Os coronéis de hoje, como os de outrora, acham que podem resolver tudo com a violência. Os algozes quiseram intimidar o Estado, barrar a fiscalização e impedir a defesa do direito dos trabalhadores”, diz carta distribuída à população.

“Justiça lenta não é justiça! Justiça lenta, morosa, é sinônimo de impunidade! Recursos não podem ter por objetivo retardar o julgamento, fazer prescrever as penas ou deixar o caso cair no esquecimento”, diz outro trecho do documento, que termina com a promessa de que a luta por justiça vai continuar: “Não vamos permitir nunca o esquecimento; não vamos desistir de exigir a punição, nunca”.

‘Justiça protege os poderosos’

O ato foi convocado pelo Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) e contou com o apoio de outras entidades que integram a Frente Nacional Contra o Trabalho Escravo. “Estamos aqui para exigir o julgamento dos mandantes dos crimes em Unaí. Eles são coronéis do século 21 e têm usado do poder para retardar os processos. Pela falta de segurança com os auditores fiscais do trabalho, desde o crime em 2004, o estado de Minas Gerais não é autuado”, disse Rosângela Rassi, presidente do sindicato.

Parentes das vítimas também participaram do protesto, que ocorre na Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. “A falta de impunidade deixa um sentimento de impotência. Meus filhos e eu nos sentimos prisioneiros. Só quem vive os bastidores de uma dor pode entender o que digo”, disse Reginir Lages, viúva do auditor João Batista.

O Sitraemg apóia a luta por justiça em mais esse caso de violência contra trabalhadores. “Esses seis anos de impunidade demonstram mais uma vez que a morosidade da justiça protege os poderosos”, critica Célio Izidoro, diretor do Sitraemg e servidor da Justiça do Trabalho. Ele ressalta que o caso não é exceção, mas uma regra em crimes com tais características e nos quais há interesses econômicos em jogo. Na opinião de Célio, que tem dentre os colegas de trabalho no TRT-MG a irmã de uma das vítimas da chacina, a morosidade no desfecho do processo judicial também deixa uma ferida aberta para os familiares das vítimas, que sofrem ainda mais a cada ‘aniversário’ de impunidade.

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