Leia a seguir, o texto de autoria de Pedro Aparecido de Souza, um dos coordenadores gerais da Fenajufe e presidente do Sindijufe/MT:
“Ayres Britto e o corte do orçamento: cheiro de queimado no ar e o “x” da questão
Ayres Britto teria dito ontem que: “Não aceitarei que a presidenta Dilma Roussef corte automaticamente a previsão de reajustes salariais no orçamento do Judiciário, como fez no ano passado“.
Muitos se entusiasmaram e disseram: “Agora vai“. Vai sim… e já sabemos de antemão para onde. Para o mesmo local onde o peru de natal está aguardando tomando pinga para amolecer a carne para ser comido no natal, lá na ocupação do Congresso Nacional como fazemos nos últimos anos.
Vai para o time dos que não ganharam nada e na véspera do natal tentam pressionar o Congresso Nacional pelo reajuste. Evidentemente não tira o mérito, a coragem e ousadia do que realizam a ocupação, pois, com muito orgulho sempre participamos e sempre participaremos das ocupações.
Dizer que não aceitará o corte automático do orçamento nos leva à outra conclusão aterrorizante: “Não aceitarei que a presidenta Dilma Roussef corte automaticamente a previsão de reajustes salariais no orçamento do Judiciário, como fez no ano passado”. Se o Ayres não aceitará o corte automático, significa que ele aceitará o corte não automático, ou seja, se enviado para o Congresso Nacional ele aceitará o corte, bem como o veto da Dilma.
Isto é pior que a época de Peluso em 2011. Pelo menos o Peluso enviou os valores e enviou um ofício para a Dilma dizendo que o corte do orçamento não poderia ocorrer de espécie alguma, seja automático ou não.
A Dilma não vai fazer o corte automaticamente. Ela já fez. Acabou de fazer com os valores pré-orçamentários do judiciário federal. E pior, fez através da SOF – Secretaria de Orçamento Federal, através de uma pessoa de 5º escalão.
Aprendamos com nossos professores que estão em Greve há mais de dois meses. Eles não estão preocupados com corte orçamentário ou aprovação de PL “x” ou PL “y”. Eles querem é o reajuste e ponto final. O Governo Federal que se vire se vai dar o reajuste via decreto (imperial, é o que Dilma-PT mais gosta) ou via PL, ou via “sem via”.
Nós estamos sempre querendo aprovar um PL e até esquecemos que o objetivo final não é o PL. Nosso objetivo é reajuste.
Vamos pressionar Ayres Britto. Ele é o patrão de todo o judiciário federal. Ele que se vire. Ele que pressione Dilma. E chega de falar com 4º escalão. Ayres tem que falar com Dilma e pressionar.
Tínhamos a preocupação que Ayres Britto poderia se aproximar do eixo “x” no Plano Cartesiano e se aproximasse do limite que tende ao infinito, projetando uma paralela que nunca encosta em “x”. Ou seja, a barreira (Dilma-PT) não é tocada, não é pressionada e assim fica chegando próximo, mas nunca toca em “x”. E aí temos os que já conhecemos: “Estamos negociando”, “Temos boas notícias”, “A porta não está fechada nem aberta”. É uma ilusão de ótica, como um trilho de trem que aparentemente se encontra lá na frente, mas nunca vai se encontrar. Ou seja, aparentemente há negociação, mas é só ilusão. Atualmente o que existe é conversação, pois negociação está em outro patamar. Na negociação há pressão e não vislumbramos até agora onde houve pressão.
Ayres terá que provar que há negociação. Entendíamos que havia negociação. Agora entendemos que há só conversação. Que Ayres entre em campo e faça-nos entender o contrário. Oportunidade nós já demos. É hora de Ayres fazer a parte dele enquanto Presidente do STF.
Portanto, entendemos que o que está havendo entre o Executivo e Judiciário é conversação, mas não negociação. E somente com conversação não teremos nunca um acordo e, por tabela, nunca teremos reajuste salarial.
Isto aconteceu, em outra proporcionalidade, com Peluso. Quando ia bater de frente com Dilma, sempre ia pela paralela e não encostava no eixo “x” do Plano Cartesiano.
Se brincarmos, novamente, teremos o corte do orçamento, Ayres Britto terminará seu mandato e dirá que fez o que pode e não conseguiu. Lutou bravamente, mas não houve acordo. Depois virá Joaquim, depois Ricardo e assim por diante e nós nos empobrecendo ano a ano.
No Congresso Nacional – quando os valores chegarem lá – a Dilma enviará um torpedo com a seguinte palavra: “CORTA!”. Só isto, nada mais. Ela não irá vetar coisa nenhuma pois ela não deixará ser aprovado no Congresso de jeito nenhum. Ela manda e o Congresso servil obedece.
A única coisa que fará com que os valores não sejam cortados, seja automaticamente ou não, será o acordo pelo reajuste. E se o Ayres Britto ficar com este pensamento de que não aceitará o corte automático, é a senha para Dilma fazer o corte, como fez no ano passado, no Congresso Nacional onde a imperadora reina absoluta com 70% dos votos do PT, PC do B, PMDB, PP, PSB e todos os partidos da base aliada.
Ir para o Congresso Nacional sem acordo é afirmar: NÃO TEREMOS REAJUSTE. É tudo que o governo Dilma-PT quer.
E para completar, espero que a CUT não seja a nossa interlocutora. Uma entidade governista na Mesa de Negociação, será uma entidade para nos entregar para o governo-Dilma-PT, da qual vários ex-presidentes e vice-presidentes da CUT (Marinho, Feijozinho, Jair Meneguelli) traíram os Trabalhadores e fizeram ou fazem parte do mesmo governo patrão que congela nossos salários há 6 anos e nos retira direitos. Não confiamos na CUT.
Chega de sermos enrolados e fritados. Dilma-PT e Ayres são os responsáveis diretos pela nosso congelamento. É deles que temos que cobrar a fatura.
Chega!!!! Estamos cansados. Estamos sentindo cheiro de queimado no ar. Parece que estamos dentro da frigideira e tem alguém nos fritando. Chega!!!!
Se alguém ainda almeja reajuste salarial, e quero crer que todos da Categoria Nacional querem, é hora de sair do comodismo e sedentarismo e ir para as ruas e entrar em Greve agora. Não temos varinha mágica para conquistarmos o reajuste salarial. Só a Greve forte, nacional e que gere impacto e prejuízo é que nos salvará.
Fora disto não há salvação. Nossos mestres já nos ensinaram o caminho.
Pedro Aparecido de Souza
31 de julho de 2012”