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Arquivada CPI MSI/Corinthians por pressão da CBF

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Vale tudo no futebol

por Daniel Pinheiro

“Esse é o recado que eles deram para quem tentar investigar algo daqui até 2014”, diz o deputado Silvio Torres sobre o arquivamento da CPI MSI/Corinthians

Ricardo Teixeira, rodeado pelo presidente Lula e muitos governadores em Zurique ©Ricardo Stuckert/PR Para o deputado Silvio Torres (PSDB-SP), o arquivamento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigava a parceria entre o Corinthians e MSI é um recado claro da CBF, que será responsável pela organização da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil: “não tentem fazer isso de novo, vocês não vão conseguir”.

Confira entrevista com Torres feita na tarde desta quinta-feira, depois de confirmada a extinção da CPI que o parlamentar tucano tentava estabelecer na Câmara e no Senado, com a ajuda do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

CartaCapital: O que significa o arquivamento da CPI MSI/Corinthians?
Silvio Torres: Perde-se uma oportunidade de investigar áreas do nosso futebol que estão sendo financiadas pelo crime organizado, com a lavagem de dinheiro, como mostraram as evidências no caso do Corinthians com a MSI. E não era um caso único, já que o Ministério Público estava pronto para passar outras evidências em outros clubes.

CC: Por quê as investigações deveriam continuar?
ST: Porque elas eram um esperança de mudar o atual quadro do futebol no Brasil. Eu não preciso ir muito longe para dar exemplos, basta olhar o Campeonato Brasileiro –clubes literalmente falidos, nível técnico baixo, a verdadeira evasão de divisas que é a saída de jogadores para o exterior, os escândalos de corrupção. Sem a CPI, não há nenhuma mudança à vista.

CC: Quem provocou o arquivamento da comissão?
ST: Aquela que deveria estar mais preocupada em garantir a transparência das investigações, que é a CBF. Ela é que deveria estar interessada em mostrar que as coisas são conduzidas corretamente, já que tem a missão de organizar a Copa de 2014. A própria Fifa, que recentemente criou uma comissão para investigar a lavagem de dinheiro no futebol, deveria estar preocupada em garantir que as coisas sejam feitas com transparência.

CC: Como a CBF conseguiu acabar com a CPI?
ST: Começou duas semanas antes do anúncio [que foi feito no último dia 31 de outubro, em Zurique, Suíça, na sede da Fifa], o Ricardo Teixeira [presidente da CBF] esteve aqui duas vezes nesse período, eu nunca tinha visto ele no Congresso. Continuou levando os governadores para a cerimônia na Suíça. Eles conseguiram promover uma verdadeira retirada suprapartidária, com governadores, prefeitos e parlamentares da base governista e da oposição.

CC: O que foi oferecido para que os parlamentares não assinassem o requerimento?
ST: Deixa eu explicar uma coisa, não é só essa corrida louca entre 18 cidades para ser um das oito ou doze sedes da Copa de 2014. É um pacote completo com muito mais eventos, tem jogos para as Eliminatórias de 2010, amistosos da seleção, Copa das Confederações. Muitos eventos, todos organizados pela CBF. Mas o que eles precisam avaliar é se vale a pena mesmo abrir mão de investigar as coisas do futebol, promover esse sufoco, essa blindagem toda para ganhar um jogo na sua cidade?

CC: Quais são as alternativas para continuar as investigações iniciadas com a CPI MSI/Corinthians, e, mais que isso, a organização da Copa de 2014?
ST: Quanto à CPI, eu creio que se surgir um fato novo, que valha ser investigado, podemos tentar reabrir a comissão novamente. Quanto a 2014, o Congresso pode criar Comissões Especiais para acompanhar o que está acontecendo com a realização da Copa. Mas, para mim, o arquivamento de hoje é um sinal muito claro de quem está organizando a Copa do que podemos esperar para os próximos sete anos: “não tentem fazer isso de novo, vocês não vão conseguir”.

CC: O que o senhor espera da Copa do Mundo no Brasil?
ST: Olha, o pior que pode acontecer é a população achar que estamos repetindo o Pan do Rio de Janeiro, que diziam que custaria 400 milhões de reais e seria todo financiado pela iniciativa privada, e no fim, o que vimos foi um custo de 4 bilhões coberto quase que exclusivamente pelo Estado. E sem investigação, é essa a mensagem que eles passam mesmo, que o “nosso paraíso”, o paraíso deles, está na organização de 2014.

Fonte: Portal da Revista Carta Capital

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