Cuidar da casa comum e da paz por uma nova sociedade
No dia 3 de outubro, véspera do Dia de São Francisco de Assis, a Região Norte da Cidade vai presenciar, pela primeira vez, a união de moradores, entidades ambientais, de moradores, sociais e de membros da Igreja Católica de Belo Horizonte, que marcharão pelas avenidas e ruas levando a bandeira pela preservação das áreas verdes da Cidade. Integrantes do Movimento Salve a Mata do Planalto, do Parque Jardim América, Manuelzão, Gandarela, Lagoa Seca, Serra do Curral, Lagoa da Pampulha, Movimento das Associações de Moradores de Belo Horizonte (MAMBH), Rede Verde, entre outras entidades integram essa frente de luta e resistência.
A concentração será às 14 horas no terreno onde está sendo construída a Catedral Cristo Rei, na avenida Cristiano Machado, 11.910, bairro Juliana, em frente ao Shopping Estação, e contará com a presença do Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Azevedo de Oliveira, do Bispo Auxiliar, Dom Edson e do vigário Episcopal para a Ação Social e Política, Padre Chico Pimenta.
Depois os manifestantes seguirão em caminhada pelas ruas e avenidas dos bairros Vila Clóris e Planalto, vestidos de branco ou verde e portando sombrinhas. No Parque Municipal do Planalto darão um abraço simbólico na Mata do Planalto. No final acontecerá uma celebração na Faculdade Jesuíta (FAJE), na avenida Dr. Cristiano Guimarães, 2127, bairro Planalto.
A Arquidiocese de Belo Horizonte abraçou a defesa das áreas verdes da Cidade, que estão ameaçadas de extinção. Ela atendeu também o que preconiza o Papa Francisco na Encíclica Laudato Sí, que clama pela proteção da Mãe Terra e da herança de vida para as gerações futuras. O Vicariato Episcopal por intermédio do Padre Chico Pimenta ouviu o pedido de socorro dos representantes de moradores, movimentos ambientais e sociais, que denunciam o descaso dos órgãos públicos para a preservação desses espaços, entregando-os para construtoras.
Mata do Planalto
A Mata do Planalto, área de mais de 200 mil metros quadrados, que abriga espécies da fauna e da flora em extinção e 20 nascentes, que abastecem o córrego Bacuraus, chega aos Rios das Velhas e São Francisco, está ameaçada de extermínio pela especulação imobiliária. Há mais de seis anos os moradores lutam pela preservação da área, enquanto o Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM), órgão da Secretaria Municipal de Meio Ambiente autorizou, por meio de Licença Prévia, a construção de 16 prédios, 16 andares, 760 apartamentos e mais de 1300 vagas de garagens.
No dia 23 de setembro, a partir das 13h30, o Comam deliberará sobre o parecer da Procuradoria Geral do Município que reconhece irregularidades na concessão da Licença Prévia para a Construtora Direcional construir na Mata do Planalto. A Procuradoria atendeu também recomendação do Ministério Público Estadual, que indica o cancelamento da Licença.
Belo Horizonte já perdeu o título de Cidade Jardim. A Serra do Curral foi entregue a inúmeros empreendimentos, a mineradoras e à invasão descontrolada. Muitas outras áreas sofrem com pressão e abandono, Lagoa Seca, Lagoa da Pampulha, Gandarela, entre outros. O Parque Jardim América, última área verde da região Oeste, também é alvo de construtora. Os moradores lutam pela sua preservação e o Comam já concedeu Licenças Prévia e de Operação. O Processo está paralisado por determinação da Justiça.
Nascentes violadas
Belo Horizonte foi construída desrespeitando montanhas, vales, rios, flora e sua fauna de natureza amigável. Desmataram além do necessário e recomendável à boa qualidade da vida humana, invadiram e canalizaram rios, privando a população de caminhar em bosques urbanos ciliares e se locomover pela malha hidrográfica natural com mais de 700 quilômetros, que preservada agregaria valor qualitativo à vida e mobilidade urbana, ao seu clima e saúde.
Resta muito pouco. Ainda assim, áreas verdes remanescentes e da malha hidrográfica ciliar com contiguidade continuam sendo atacadas por
empreendimentos imobiliários com apoio do Executivo. As nascentes continuam sistematicamente violadas e assim os córregos vão secando a míngua de água, duplamente esgotados.
Contato:
Margareth Ferraz (jornalista Salve a Mata do Planalto e da equipe do evento) 92790159
Frederico Santana (Vicariato Episcopal e coordenador do evento) 96170633/3422.6122