Corte de cabelo gratuito e medição de pressão arterial e glicose para transeuntes que passavam pelo local, música animadas e dança, informes gerais sobre lutas dos trabalhadores. Teve tudo isso ontem (quinta-feira, 24/01) no ato realizado na Praça Sete, em Belo Horizonte, em comemoração ao Dia Nacional do Aposentado, evento que é promovido todo ano, nesta data, pelo Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Minas Gerais (Sinap-MG). Mas, contando com o apoio do SITRAEMG, teve também vários protestos manifestados por dirigentes de entidades presentes, como o próprio SITRAEMG – representado pelos coordenadores gerais Carlos Humberto Rodrigues e Célio Izidoro, além do filiado Vicente e o assessor político Efraim Moura -, Sintsprev-MG, Affemg, Frente Mineira em Defesa da Previdência Social e outras.
Os principais protestos, como não poderia deixar de ser, pela particularidade da data, foram contra a Reforma da Previdência. “O governo quer trazer o modelo do Chile. Isso é um modelo falido”, criticou Júlia, diretora do Sintsprev-MG, referindo-se ao sistema previdenciário de capitalização, adotado no Chile no governo do ditador Augusto Pinochet, já falecido, e agora defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para implantar no Brasil. “Um país em que o povo ganha o mínimo, como é que vai capitalizar?”, questionou a dirigente sindical.
“80% dos brasileiros são contra a Reforma da Previdência”, lembrou Adilson Rodrigues, presidente do Sinap-MG. Referindo-se a uma senhora aposentada que estava presente e reclamou que teve cortada sua aposentadoria, que recebia como benefício da lei de assistência social (LOAS), em decorrência do rigor implantado pelo atual governo para a concessão de benefícios previdenciários, Rodrigues denunciou o Executivo por alegar déficit na Previdência enquanto paga gratificações polpudas aos peritos do INSS para expurgar os beneficiários. “Essa história de combate a fraudes é balela. O governo quer é dificultar a aposentadoria”, denunciou a deputada Jô Morais (PCdoB/MG).
Jô Morais ainda fez um alerta à população para que fique bastante atenta aos falsos discursos e utilizados pelo governo para justificar a “necessidade” da reforma. Primeiro, ao comparar a Previdência do Brasil com a dos países desenvolvidos, sem levar em conta a qualidade de vida infinitamente superior daqueles em relação a este. Quanto ao fato de o governo destacar apenas alguns pontos das mudanças que pretende fazer, ela assegurou que a reforma vai ser bem maior do que se alardeia. “Temos que ter a clareza do momento de hoje (do ato), que é o primeiro da nossa luta contra a reforma da Previdência”, observou, deixando uma convocação a todos os presentes: “vamos todos juntos!”.
O coordenador geral do SITRAEMG Célio Izidoro (confira o vídeo abaixo) denunciou a última chantagem utilizada pela equipe de Bolsonaro para defender a reforma. “O ministro da economia, Paulo Guedes, está nos chantageando. Recentemente, ele tem ido para a mídia dizendo que, se a reforma da Previdência não passar, vai acontecer no Brasil o que aconteceu na Grécia, que aposentado não vai receber, não vai haver aposentadoria. Isso é uma chantagem que nós não podemos admitir”, salientou. “Sabem por quê?”, indagou, respondendo ele mesmo que o governo quer é que esses 25% do orçamento público destinados à seguridade social, que visa proporcionar uma vida digna para os cidadãos, seja desviado para o pagamento da dívida pública. “Basta o governo destinar 50% do orçamento que é reservado para pagar a dívida pública – para (em prol dos) agiotas internacionais -, destinar esse dinheiro para a população”, propôs. “É por isso que o SITRAEMG, a Frente Mineira em Defesa do Serviço Público, em Defesa da Previdência, em Defesa da Justiça do Trabalho, não vai aceitar retirada de direitos”, concluiu.