Acompanhe o Sitraemg nas redes sociais

Artigo: Uma outra visão – como a esquerda está sendo vista por causa do PT e Dilma

Compartilhe

O artigo abaixo, sobre as manifestações de ontem (domingo, 13) Brasil afora, encontra-se publicado no blog “Spotniks” (confira AQUI a publicação original), que tem como responsável uma pessoa que se identifica como Rodrigo da Silva. Confira-o.

“Os protestos de hoje não deixam dúvida: pra esquerda só é ‘povo’ quem concorda com ela


Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria do SITRAEMG


Se tem uma coisa que os protestos contra o governo ensinam ao país é o modo como a esquerda tupiniquim enxerga esse ente abstrato chamado “povo”.

Sim, repare ao seu redor, caro leitor. Deslegitimar protestos populares é o novo esporte favorito dos nossos “progressistas”. É, essa turma mesmo: aquela que diz que democracia é muito mais do que urna; que é feita nas ruas, no dia a dia, na luta, na pressão popular.

A verdade é que você pode colocar um, dois, três milhões de populares nas principais esquinas do país. Pouco importa. Para a esquerda é o anti-povo. Na Terra do Contrário a lógica funciona na ordem avessa: protesto só vale quando é a favor; ser contra o sistema é apoiar o governo; fascista é quem pede menos Estado; governo popular é o governo mais impopular da história.

Povo? Para a esquerda-de-sofá não tem mistério. É aquele que apoia o governo que mais rendeu lucropara os banqueiros na história do país. É quem tá do lado de quem arranca dinheiro dos mais pobrespara dar empréstimos subsidiados aos grandes empresários (só os empréstimos do BNDES em 2013, de R$190 bilhões, superaram todos os gastos com o Bolsa Família desde o início do programa). É quem aplaude político investigado que sai pelo mundo fazendo dono de empreiteira faturar milhões.

Povo é quem vota em político que faz desapropriação das moradias de gente miserável para organizar campeonato esportivo. É quem silencia ante a queda do salário dos mais pobres, na maior crise econômica que o país já viveu, que reduz o consumo de 9 em cada 10 brasileiros (só no ano passado, a queda da renda média da população foi de 7,4%, com o Nordeste liderando a catástrofe). É quem cruza os braços para o crescimento do desemprego (o maior em 7 anos) e da inflação (a maior em 12 anos), que atinge de forma especial as famílias mais humildes.

Povo é quem está ao lado de um governo que já jogou 4 milhões de pessoas na pobreza (a projeção é que10 milhões de pessoas saiam da classe C de volta à base da pirâmide até o final do próximo ano, praticamente anulando as conquistas do passado). É quem dá apoio a quem viu o crescimento de 269%dos assassinatos de indígenas no país na última década sem fazer nada. É quem não protesta contra um governo que, com a queda nos investimentos em segurança pública, permitiu que a população carcerária crescesse mais de 620% nos últimos anos, ao mesmo tempo em que acompanhou um salto avassalador da violência nas ruas (só o número de homicídio de mulheres cresceu 21% na última década; o crescimento de mulheres negras assassinadas no período foi de 54%).

Povo é quem não vê motivos para sair de casa e reclamar pelo fato da educação do país ter despencadonos principais exames internacionais na última década, construindo um exército de crianças carentes que saem de escolas precárias mal sabendo ler e escrever. É quem vê com bons olhos o governo que permitiu ao país ficar na última posição no ranking global de eficiência do sistema de saúde, condenando à morte todos os anos milhares de pessoas de origem simples, dependentes de uma saúde pública que mais soa como um grande abatedouro humano. É quem está do lado de um governo que fez o país entrar na maior recessão que se tem notícia nos últimos duzentos anos da nossa história econômica. E isso porque não pretendo utilizar esse espaço para falar sobre corrupção.

Povo, enfim, é quem acredita que as pessoas que questionam tudo isso, e que decidem protestar, são inevitavelmente ignorantes, de pele branca, abastadas de dinheiro e golpistas. Quem acha que não há razão para os mais pobres se mobilizarem para derrubar um governo que, não sem motivo, é o mais impopular da história. Quem faz tweets engajados dizendo que se você decide ir às ruas reclamar disso tudo inevitavelmente está apoiando os tucanos, Eduardo Cunha, o PMDB, a ditadura militar, e todos os outros monstros que a esquerda usualmente tira do guarda roupa para assustar e deslegitimar as críticas que o governo recebe – como se os próprios tucanos (de FHC a Aécio), Orestes Quércia, o PMDB, e defensores de algumas das ditaduras mais sanguinárias do mundo também não estivessem nas Diretas Já.

Assim, a única democracia que vale para os nossos “progressistas” é aquela que sustenta as bandeiras alçadas por eles mesmos. E o povo que sai às ruas protestando contra o governo é o anti-povo, inimigo das pessoas mais simples. Mesmo quando o governo luta contra o interesse dos mais pobres, mesmo quando cria uma casta de gente rica sustentada com dinheiro dos pagadores de impostos, mesmo quando barbariza a base da pirâmide. O que importa à esquerda é defender sua condição de esquerda.

Na Terra do Contrário o anti-povo é maior que o povo. Esse, a quem se diz “progressista”, só possui uma função: desempenhar o papel de gado ao lado do governo.”

Compartilhe

Veja também

Pessoas que acessaram este conteúdo também estão vendo

Busca

Notícias por Data

Por Data

Notícias por Categorias

Categorias

Postagens recentes

Nuvem de Tags