Ferrovia em BH é bloqueada em apoio a Dom Cappio

Compartilhe

No domingo, 15, o Movimento de apoio a Dom Cappio e à sua/nossa causa: luta contra a Transposição do rio São Francisco, em defesa de um autêntico projeto de Revitalização do Velho Chico e por um Projeto de Convivência com o semi-árido, bloqueou a Ferrovia Centro Atlântica (FCA), da Companhia Vale do Rio Doce – CVRD – , em Belo Horizonte, na Av. Itaituba, próximo n. 12, ao lado da Escola Municipal Pe. Francisco de Carvalho, no bairro São Geraldo.

Cerca de 300 pessoas, representantes de muitas organizações populares e pastorais bloquearam a ferrovia Centro Atlântica, da CVRD, das 7:45h às 11:00h. Muitas faixas foram exibidas aos passantes. Cartas e textos de Dom Cappio foram distribuídos às pessoas que estavam em automóveis. Com megafones foi explicado o sentido do bloqueio: apoio a Dom Cappio que está no 19o dia de greve de fome, contra a Transposição do Rio São Francisco, em defesa da Revitalização do Velho Chico e por um Projeto de Convivência com o semi-árido. Junto aos cidadãos/ãs da região reivindicamos respeito aos direitos humanos do povo do Bairro São Geraldo que é fortemente desrespeitado pela CVRD.

Mais de 100 estudantes (crianças e adolescentes) e professores da Escola ao lado se juntaram à nossa manifestação. Professores e pessoas do bairro nos informaram que impedimos a passagem de, no mínimo, 4 trens que normalmente passam no local, todo sábado, das 8 às 10:30hs. “Conhecemos muito bem a rotina dos trens aqui. Estamos de parabéns, pois interrompemos a passagem de, no mínimo, 4 três que deveriam passar por aqui neste horário”, comemoraram cidadãos do bairro que participaram do bloqueio.

A PM chegou logo. A tropa de choque, logo em seguida. Pressionaram, mas, após explicações de padres e advogados que a manifestação era pacífica, que era de apoio a Dom Cappio e contra a Transposição, muitos policiais maneiraram a pressão e chegaram a dizer: “O povo tem que lutar mesmo. Dom Cappio e o rio São Francisco devem viver. Essa tal de transposição é uma burrice dos políticos”.

As rádios América, CBN, Band News e Favela FM deram cobertura. Esperamos que saia algo nos jornais de amanhã.

“A passagem de trens da CVRD aqui ao lado da Escola nos incomoda demais. É barulho demais, 24 horas por dia. Os estudantes e o povo do bairro São Geraldo, freqüentemente, têm que ficar parado na beira da ferrovia uns 15 minutos esperando o trem passar. Já aconteceu de gente morrer na ambulância, porque o tráfego estava bloqueado pelo trem da CVRD. De noite, acontecem muitos assaltos quando as pessoas, à pé ou de automóvel, têm que ficar parado esperando o trem passar”, informa várias lideranças da região.

O POVO EXIGE SER OUVIDO. Em Sobradinho-BA, o Bispo Dom Cappio está em greve de fome – completando hoje 19 dias – em uma doação de sua vida na defesa da vida de milhões de brasileiros. Como um profeta, enviado de Deus e porta voz dos movimentos sociais e da sociedade civil, Dom Cappio enfrenta o Governo Lula que mente para o povo ao dizer que a transposição do Rio São Francisco vai atender ao povo pobre do nordeste. Algumas informações deixam isto claro: os canais do Eixo Norte, por onde correriam 71% dos volumes de água transpostos, passariam longe dos sertões menos chuvosos e das áreas de mais elevado risco hídrico. E 87% dessas águas seriam para atividades econômicas altamente consumidoras de água, como a fruticultura irrigada, a criação de camarão e a siderurgia, voltadas para a exportação e com seríssimos impactos ambientais e sociais. Portanto, a Transposição, se for feita, atenderá às grandes empresas e aos grandes fazendeiros.

Este projeto está orçado em 6,6 bilhões de reais, atendendo apenas a quatro Estados (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceara) beneficiando 12 milhões de pessoas de 391 municípios. Em contraposição a este projeto, os movimentos sociais e o Bispo Dom Cappio apresentam uma alternativa, elaborada pela Agência Nacional das Águas (ANA) e o Atlas do Nordeste que custaria pouco mais de 3 bilhões de reais, atingindo nove estados (Bahia, Sergipe, Piauí, Alagoas, Pernambuco, Rio do Norte, Paraíba, Ceará e Norte de Minas), beneficiando 34 milhões de pessoas de 1356 municípios. Cabe ainda lembrar a Articulação do Semi-Árido (ASA) que se propõe construir um milhão de cisternas, já tendo construído 220 mil. Há, também, mais de 140 tipos de tecnologias alternativas sustentáveis ecologicamente que devem sem implementadas no semi-árido.

Portanto, a quem serve a transposição? Como vimos, fundamentalmente à indústria da seca que sempre ganhou com estas obras faraônicas: as empreiteiras, o agronegócio e os políticos profissionais, a pior escória do Brasil. Enfim, a Transposição vai privatizar e concentrar nas mãos dos poucos de sempre as águas do São Francisco, como já fizeram com os 400 grandes açudes construídos na região Nordeste, onde há cerca de 70 mil açudes.

Além disto, o projeto de transposição vem sendo conduzido de forma arbitrária e autoritária: os estudos de impacto são incompletos, o processo de licenciamento ambiental foi viciado, áreas indígenas e quilombolas são afetadas e o Congresso Nacional não foi consultado como prevê a Constituição. Como não se fez o debate com a população, o Governo Lula optou pela militarização da Transposição. Entregou para o Exército Brasileiro o início da construção das Obras do Eixo Norte e do Eixo Leste da Transposição de parte das águas do Rio São Francisco.

MOVIMENTO EM DEFESA DO RIO SÃO FRANCISCO, em apoio a Dom Cappio e CONTRA A TRANSPOSICAO.

Contatos:
Irmã Letícia, cel. 031 9655 5761 – leticiaidp@yahoo.com.br
Dirlene Marques, cel. 031 9116 9157 – dirlene@face.ufmg.br
Frei Gilvander, cel. 031 9162 7970 – gilvander@igrejadocarmo.com.br

Fonte: Movimento em Defesa do Rio São Francisco

Compartilhe

Veja também

Pessoas que acessaram este conteúdo também estão vendo

Busca

Notícias por Data

Por Data

Notícias por Categorias

Categorias

Postagens recentes

Nuvem de Tags