O brasileiro está cansado e indignado de assistir, diariamente, a novos atos de corrupção – que na maioria das vezes envolvem membros do governo e grandes empresários -, além da falta de punição severa aos seus autores. A operação Lava Jato (Petrobras), deflagrada pela Polícia Federal completou um ano no dia 17 de março último. De lá pra cá, inúmeros acontecimentos e denúncias marcam o fato como sendo o maior escândalo de corrupção no Brasil.
A operação Lava Jato teve início com a prisão de 24 pessoas, muitas destas, doleiros que cometem crimes como lavagem de dinheiro. Dentro desse período (um ano), grandes fatos podem ser destacados e deixam “clara” a participação do governo no escândalo. Vale relembrar alguns dos principais:
- lá no início, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa foi detido sob a suspeita de envolvimento no superfaturamento da Refinaria de Pasadena, nos EUA;
- em seguida, André Vargas, à época vice-presidente da Câmara Federal, suspeito de ligação com o doleiro Alberto Youssef, renuncia ao cargo;
- em maio de 2014, o Congresso instala a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito);
- em agosto, políticos são incriminados frente à delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, seguido pela delação do doleiro Youssef. Nesse período, a Polícia Federal prende 21 executivos e funcionários de construtoras;
- em dezembro, o ex-diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, foi preso ao desembarcar em aeroporto;
- contudo, CPMI termina em dezembro de 2014 sem indicar nenhum político;
- no início de 2015, a Petrobras já calculava um prejuízo de quase R$ 89 bilhões. Sob pressão, Graça Foster, então presidente da estatal, deixa a empresa;
- em fevereiro, a Câmara Federal abre nova CPI da Petrobrás e o STF (Supremo Tribunal Federal) revela nomes dos 49 políticos que indica para ser investigados – confira-os aqui.
Contabilidade do escândalo
Na data em que se comemora um ano da investigação, a operação Lava Jato soma 19 processos criminais; 485 empresas sob investigação; 69 pessoas presas; 12 acordos de delação premiada já publicados; desvio de R$ 2,1 bilhões, embora a Polícia Federal estime que o esquema como um todo tenha movimentado cerca de R$ 10 bilhões; presos três ex-diretores da Petrobras, 21 pessoas ligadas às maiores construtoras do Brasil e vários doleiros. Na esfera política, a operação trouxe a queda de Graça Foster da Presidência da Petrobras e a investigação sobre 49 políticos, incluindo os presidentes da Câmara e do Senado.
População vai às ruas
Cansada de tanta corrupção e desigualdade social, política e econômica, podemos acreditar que o escândalo da Petrobras foi a gota d’água para a grande manifestação da população brasileira no dia 15 de março último (leia mais aqui). O movimento organizado pelas redes sociais e muito bem sucedido reuniu milhares de pessoas em atos realizados em 26 capitais do País, além do Distrito Federal.
Os manifestantes pediram o fim da corrupção, reclamaram da situação econômica do País e defenderam o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O recado ficou claro à presidente Dilma sobre o tamanho da revolta da população brasileira frente à corrupção que assola o país.
Mudanças estruturais no “sistema” como um todo se fazem necessárias para por fim a tantos casos de corrupção no Brasil.
Que se investigue o Petrolão, apelido dado ao escândalo da estatal, mas também não fique esquecida a misteriosa morte de Celso Daniel (ocorrida pouco antes da eleição de Lula para o primeiro mandato na Presidência da República), assim como o Mensalão Tucano, a Lista de Furnas, o esquema de desvio de dinheiro público no Metrô de São Paulo, a compra de votos para a emenda da reeleição e da EC 41/2003 (Reforma da Previdência), e por aí vai…
Com informações do Jornal “Metro”