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Sammer Siman, das Brigadas Populares: “Política tem que ser um gesto cotidiano da vida, assim como pegar um ônibus, almoçar”

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No embalo da efervescência política vivenciada pelo povo brasileiro a partir das manifestações que se espalham pelo país desde meados do mês de junho, por serviços públicos de qualidade e inserção da sociedade nas discussões e definições sobre as políticas públicas, o SITRAEMG abriu com uma “análise de conjuntura” os trabalhos da assembleia geral extraordinária realizada na manhã deste sábado, 13 de julho, em sua sede. Nada mais oportuno do que tal debate, uma vez que, na AGE (veja mais detalhes aqui), foram escolhidos os filiados que representarão o Sindicato na XVIII Plenária Extraordinária Nacional da Fenajufe, agendada para os dias 24 e 25 de agosto próximo, em Brasília (DF). Na Plenária, os delegados e observadores escolhidos pelos sindicatos da base da Fenajufe, juntamente com os membros da diretoria da Federação, definirão o Plano de Lutas dos servidores do Judiciário Federal para o ano de 2013.

Para fazer uma exposição sobre o tema, foi convidado o economista Sammer Siman, militante do movimento Brigadas Populares. As últimas manifestações no país, explicou o palestrante, foi uma demonstração da insatisfação da sociedade brasileira ante uma política econômica adotada pelo governo que continua privilegiando o capital – apesar de que, a seu ver, os governos petistas trouxeram um pequeno avanço no setor social.  Mostra a indignação da população diante do discurso “oficialista” de que “tudo vai bem”, quando não é essa a realidade. O Brasil virou um balcão de negócios, o setor público – saúde, educação, transportes etc. – está praticamente entregue às “mãos” privadas, com os serviços cada vez mais caros e de pior qualidade. Com isso, o que se vê é uma verdadeira “monopolização” da economia, com a fusão de grandes empresas, engolindo as iniciativas do pequeno empreendedor. Quase metade do orçamento é destinada ao pagamento dos juros da dívida pública, enriquecendo cada vez mais o sistema financeiro, em detrimento dos programas sociais e de maior relevância para a população. E o aumento progressivo dos preços dos aluguéis e dos alimentos, só para citar alguns exemplos, é uma prova de que a inflação está aí, cada vez mais viva.

Reação do poder

O militante das Brigadas Populares classifica como “reforma eleitoral” o plebiscito proposto pela presidente Dilma, e não “reforma política”. Na sua avaliação, o plebiscito é uma proposta tímida, pois, enquanto avança no item que prevê o financiamento público de campanha, retrocede na proposta de instituição do voto distrital, que, a seu ver, remete o país ao tempo do “voto de cabresto”. Ainda assim, o plebiscito está sendo rejeitado pelo Congresso, que não quer, de forma alguma, mudanças nos sistemas político e eleitoral. Uma das mudanças que país precisa promover com urgência, opinou o palestrante, é a democratização do setor de comunicação. Isso também ficou claro durante as manifestações, que tiveram como principal alvo a Rede Globo, dado o grau de manipulação de informações e os privilégios que goza perante o poder público.

“As manifestações estão sendo, sobretudo, um marco geracional”, diz constatar Sammer Siman, por envolver uma juventude que expressa sua determinação de inserir-se na política nacional. E ele aposta que essa disposição de ir para as ruas veio para ficar. E motivos não irão faltar. A expectativa do economista é de que, no próximo ano, o Brasil passará por uma profunda crise econômica, em decorrência da política equivocada de incentivos e desonerações do setor produtivo para “maquiar” uma tendência de queda na economia. “Mas, tudo isso pode ser mudado se se mantiver o movimento nas ruas”, sugeriu.

Discordâncias e questionamentos

Passando para o debate, os filiados apresentaram vários contrapontos e questionamentos em relação ao que foi exposto pelo palestrante. David Rubbo, servidor do TRT, manifestou-se dizendo que as manifestações que se veem nas ruas são de natureza bem diferente daquelas que ocorreram no passado. Muitos dos “atores” daquelas mobilizações, apontou, continuam se identificando como “esquerda”, mas vivem uma crise de identidade: uns, defendendo o governo; outros, dizendo-se contra o governo, mas defendendo sua continuidade; e outros, dizendo que querem mudar a situação, mas respaldando o governo, sob o discurso de que é melhor do jeito que está do “voltar” ao capitalismo.  Quanto à evolução social trazida pelos governos petistas, como disse o palestrante, David Rubbo avaliou que o que houve, na verdade, foi um investimento maior, no país, das empresas que para aqui migraram seus investimentos para fugirem da crise econômica dos países desenvolvidos.

Célio Izidoro, também do TRT, acrescentou que os programas sociais do governo não são nada mais do que uma forma encontrada de “acalmar” os bolsões de pobreza. O que a população quer mesmo, defendeu, são serviços públicos de qualidade. Gerson Appenzeller chamou a atenção para as artimanhas da “direita”, na disputa ideológica com a “esquerda”, verificada ao longo das manifestações. Na sua análise, a infiltração disfarçada de pessoas nos atos para cometer violência significa o retorno da velha prática fascista visando amedrontar o movimento e, ao mesmo tempo, incriminá-lo. Outro tática da direita, citou Appenzeller, foi o silêncio dos “ruralistas” durante todo o período de agitações e, agora, o retorno aos holofotes com uma série de propostas que nada interessam ao desenvolvimento efetivo do país.

José Francisco Rodrigues, coordenador do SITRAEMG, que compôs a mesa durante o debate, ao lado do palestrante e do também coordenador Raimundo Alves, lamentou o fato de os trabalhadores terem sido traídos pelos governos petistas que ajudaram. Lamentou, também, o fato de, nas manifestações da última quinta-feira (11), no Dia Nacional de Luta, não ter sido demonstrada a unidade da classe trabalhadora como o foi nas manifestações dos movimentos sociais. 

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