Redução da jornada de trabalho: tendência mundial e necessidade sócio-econômica

Compartilhe

A coordenadora de Relações de Trabalho e Saúde do SITRAEMG, Débora Melo Mansur, está participando do Seminário “Organização e Negociação do Tempo de Trabalho” promovido pelo DIEESE nos dias 8,9 e 10 de março na Universidade de Brasília.

Os pesquisadores e estudiosos do DIEESE trazem as questões relativas à duração, distribuição e intensidade do trabalho no contexto brasileiro comparado com enquetes feitas pela União Européia a cada cinco anos e a tendência de redução da jornada, no dito primeiro mundo, pela iminente necessidade dos trabalhadores de terem tempo para estudar, ficar com a família e terem lazer. Demonstram ainda que, a jornada de trabalho no Brasil é uma das mais altas do mundo, sendo seu ritmo intenso e flexível. Ressaltam, que, com a virtualização do trabalho: internet, e-mail, celular, a jornada tem um tempo a mais que geralmente não é computado pelo “patrão”, além do que, o enorme tempo de deslocamento para o trabalho não é “tempo livre” para o trabalhador e não é levado em consideração nos cálculos da jornada de trabalho. Informam que de 1988 a 2008 no Brasil (IBGE) a produtividade cresceu, mais o rendimento médio sofreu uma retração de 37%.

Interessante lembrar que no dia 8 de março de 1857, 300 mulheres de uma fábrica têxtil em Nova York reivindicavam a redução da jornada de trabalho de 16 para 10 horas. Foram trancadas dentro da fábrica que foi incendiada, matando-as. Em 08 de março de 1908, 14 mil mulheres fizeram uma passeata em Nova York com o lema “Pão e Rosas” pedindo também a redução da jornada de trabalho pois além do pão queriam rosas, ou seja, tempo para criarem os filhos, aproveitarem a vida, relacionarem-se. Em 08 de março de 2012, a luta pela redução da jornada de trabalho em prol da qualidade de vida continua, sendo que, no Poder Judiciário Federal está sendo adotado o aumento da jornada, impondo aos servidores e magistrados regras que já estão em decadência em países que já viveram esta experiência e descartaram-na. Por que não aprendermos com a experiência externa ao invés de termos que pagar com a saúde de gerações de agentes públicos para se chegar à conclusão que a Europa já chegou?

Entre os argumentos apresentados pelos professores e pesquisadores do DIEESE está o fato de que o ritmo do trabalho começa devagar, a concentração vai aumentando e termina com a redução da mesma.  Ou seja, em uma jornada menor há como se produzir mais e melhor aproveitando o pico de produção do ser humano. Além, é claro, do aumento de postos de trabalho e redução do desemprego.

O seminário irá até o final de sábado e certamente mais dados e pesquisas irão  nos subsidiar na negociação pela redução da jornada de trabalho, que é positiva tanto para a vida dos trabalhadores quanto para os resultados da organização, embora esta não seja uma visão do senso comum.  Aguardemos. Com esperança, dados e conscientização!

De Débora Melo Mansur, de Brasília

Compartilhe

Veja também

Pessoas que acessaram este conteúdo também estão vendo

Busca

Notícias por Data

Por Data

Notícias por Categorias

Categorias

Postagens recentes

Nuvem de Tags