O grave acidente, ocorrido no dia 28 de janeiro, no anel rodoviário, próximo ao bairro Betânia (BH), trouxe dor e sofrimento para várias famílias, dentre elas, a do colega servidor da Justiça do Trabalho, Ricardo Wagner de Caravalho, que acompanha hoje, no hospital, a recuperação da filha Laura, de apenas 4 anos, envolvida no acidente. Nesse sentido, o SITRAEMG se solidariza à família de Ricardo e pede a todos os colegas servidores que participem da campanha de doação de sangue para a pequena Laura.
A coleta, de qualquer tipo sanguíneo, está sendo realizada no Hemominas, à Alameda Ezequiel Dias, 321 Belo Horizonte, em nome de Laura Gibosky Rodrigues de Carvalho. Mais informações pelo 0800-0310101.
Opinião: Rodovias são para carros, e não para sepultar pessoas
Os dias se passam e a situação continua se repetindo, como em um pesadelo sem fim: pessoas morrendo em acidentes gravíssimos, normalmente fatais, no Anel Rodoviário, em Belo Horizonte, enquanto os governos municipal, estadual e federal jogam a culpa uns para os outros. De reunião em reunião, de entrevista em entrevista, as tragédias se sucedem e o problema continua sem solução.
Dramas se acumulam nas pistas que cortam o bairro Betânia, na capital, trecho mais problemático da área urbana pela qual a estrada passa. O acidente mais recente, em 28 de janeiro, no qual uma carreta em alta velocidade arrastou vários carros, transformou a vida de muitas famílias. Uma delas, a do servidor público Ricardo Wagner de Carvalho, sofre as consequências de ver a filha Laura, de 4 anos, em estado grave no hospital e chorar a morte da prima da menina, de apenas 2 anos. Ao jornal Estado de Minas de 4 de fevereiro, emocionado, Ricardo clama por Justiça e só tem um pedido a fazer: “a única coisa que quero é a minha filha de volta”.
Os problemas com o Anel Rodoviário passam pelo caminho da falta de vontade política, que fecha os olhos para a necessidade de investimento em infra-estrutura. A enorme quantidade de carretas trafegando em condições irregulares nas estradas do país é um sintoma do pouco incentivo a outros tipos de transporte de carga que seriam mais econômicos e menos perigosos para pedestres e carros de passeio, que dividem o espaço com estes veículos.
Em um país conhecido mundialmente por sua bacia hidrográfica, onde está o transporte fluvial? E o que dizer de nosso transporte ferroviário, já várias vezes apontado como a solução para o transporte de cargas de forma rápida e mais econômica do que o rodoviário? A insistência no transporte rodoviário de cargas, mais poluente e perigoso que os outros dois, tem várias possíveis razões: favorecer a indústria dos derivados de petróleo, a “indústria” dos pedágios e multas, das montadoras de automóveis, incentivar o consumo de veículos – dentre várias outras que, se levantadas, só nos fariam ver como a situação é revoltante.
Lugar de carreta não é dentro do perímetro urbano, ameaçando pedestres e veículos menores que sempre saem no prejuízo quando ocorrem acidentes. Motoristas de caminhões viram assassinos, também vítimas de toda uma engrenagem cruel que não favorece alternativas. A nós, resta ter na dor de Ricardo Wagner e tantas outras famílias o combustível para protestar cada vez mais e cobrar providências dos governantes: ferrovias para transporte de cargas; essa é a solução para o nosso país de dimensões continentais.


