Por Liliam de Oliveira Lyrio Stabille
Na última eleição para presidente, por exemplo, a mídia fez-nos acreditarmos que o câncer no Brasil chamava-se “corrupção”, quando, na verdade, o mal maior não pôde e não pode ser mencionado: “a dívida pública não auditada”, que retira muito mais do que a corrupção, ou seja, mais da metade do PIB brasileiro ao sistema financeiro, que desfruta de recordes de lucros a cada trimestre, enquanto 99% da população empobrece, dia após dia.
Além disso, como concluiu a Dra. Maria Lúcia Fatorelli, “o Banco Central está suicidando o Brasil” quando aumenta a taxa de juros sob a farsa de ser necessária para conter a inflação, escondendo que esta não decorre do excesso de demanda, mas do aumento dos preços administrados, iniciado em outubro de 2016, quando Pedro Parente, colocado pelo golpista Temer, alterou a política de preços da Petrobrás, passando-se a se basear no PPI, como se importássemos o que não importamos, gerando a constante escalada dos preços e a inflação em cadeia.
Some-se a isso, a Emenda Constitucional 95, que não cortou a gastança, as mordomias, os cargos de confiança, o acúmulo inconstitucional de cargos, a extrapolação ao teto constitucional, mas os orçamentos dos serviços públicos, projetos sociais e investimentos, responsáveis pelo aquecimento da economia, geração de empregos e melhoria das condições de vida do povo, situação totalmente diversa da atual distribuição de auxílios e melhoria artificial e temporária da economia, não decorrente do desenvolvimento socioeconômico da população.
Existem, como disse, Marx, duas grandes forças no mundo, o Capital e o Trabalho.
Os candidatos representam, cada qual, uma dessas forças, sendo certo que “não há como servir a dois senhores”: um trabalha em prol do capital, da acumulação de renda por parte de uma minoria, isto é, menos de 1% da população, acarretando o empobrecimento de sua maioria; o outro defende o povo, não somente nas promessas pré-eleições, mas nos atos, quando luta pela melhoria dos serviços públicos, pelo concurso público e pelo Estado liderando os investimentos e atraindo a investimentos privados a juros baixos, isto é, irrigando a economia com dinheiro em prol da geração de postos de trabalho e da prestação dos serviços públicos de qualidade, e ainda contesta:
– as insanas reformas propostas (trabalhista, previdenciária e administrativa);
– a falta de auditoria na dívida pública;
– a atual política de preços da Petrobrás – PPI (geradora de inflação em cadeia);
– a autonomia do Banco Central;
– a liberdade do sistema bancário na cobrança de juros;
– o depósito voluntário dos bancos no Banco Central (retirando o dinheiro da economia, já que os bancos lucram fortunas aplicando, no Banco Central, os depósitos do povo feitos nos bancos);
– a securitização de créditos mediante a entrega da malha tributária aos bancos.
Um candidato é pró-capital e o outro é pró-social, ao menos em tese.
Há uns anos, os capitalistas descobriram a possibilidade de se enriquecerem muito mais se retirassem, do Estado, os serviços públicos indispensáveis ao povo, e, a partir daí, cessaram os concursos públicos, cortaram as verbas de investimento e até de manutenção dos órgãos públicos, hospitais e escolas, a fim de que o serviço público fosse, cada vez mais, precarizado, para que a população acreditasse que o mesmo não detém qualidade. Logicamente, a mídia, financiada pelos capitalistas, encarregou-se de evidenciar corrupção nas estatais e a disseminar a ideia de que era necessário ao povo ser privado de suas “galinhas dos ovos de ouro”, ou seja, das estatais, que, mesmo cobrando preços mais baixos, inclusive tarifas sociais, produzem bilhões de lucros necessários ao custeio dos serviços e investimentos públicos.
Com isso, a população passou a aceitar as privatizações dos nossos bens de produção, a preços de banana, entregando-os aos capitalistas, sedentos pelos lucros decorrentes do fornecimento dos produtos e serviços indispensáveis ao povo, ou seja, “as galinhas dos ovos de ouro”.
Felizmente, a triste e terrível pandemia, evidenciou a importância e a necessidade do serviço público de saúde, o SUS, que salvou e continua salvando as vidas dos brasileiros, gratuitamente. Eu não disse que “felizmente houve a pandemia”, mas que “felizmente ela evidenciou”, ok?
Estamos no momento crucial de nossa história: a escolha eleitoral determinará o futuro, se continuaremos ao continuo desmonte do nosso país, construído com o dinheiro do povo, por décadas, graças a políticas de estadistas do passado, que lutaram para liberar o gigante Brasil das garras do imperialismo e dos capitalistas, que acumulavam riquezas explorando a população, ou se devolveremos o país à sua vocação natural de transformação das riquezas em prol de todos, melhorando a qualidade de vida da população, investindo na saúde, educação e preservação do meio ambiente, garantindo, não somente a democracia, como também os direitos sociais (trabalhistas e previdenciários) do povo, necessários à maior distribuição de renda (e não acumulação por poucos), reduzindo as desigualdades sociais, a miséria e o analfabetismo, promovendo a paz social, e, sobretudo, acolhendo os brasileiros que governarão o país, no futuro.
E, se compreendo bem as mensagens cristãs, aposto que Cristo não era capitalista, liberal ou de direita, inclusive, dividia até o próprio pão!
Enfim, está nas nossas mãos se revogaremos ou manteremos a Constituição Cidadã de 1988, ou seja, qual princípio prevalecerá, o “da dignidade da pessoa humana” ou o “da primazia do capital”?