Um ato de repúdio promovido pelas mulheres participantes do 8º Congrejufe, que está sendo realizado em Caeté até o dia 30 de abril, encerrou os trabalhos da manhã de hoje, 29. A manifestação foi motivada por uma denúncia de assédio sexual. No momento combinado, mulheres dirigentes sindicais subiram ao palco e convidaram todas as mulheres presentes a se posicionarem de frente para o plenário – os homens deveriam permanecer em seus lugares.
“Quando uma mulher diz ‘não’, ela diz ‘não’. Quando uma mulher diz ‘não’, ela está dizendo ‘não’, não é ‘sim’ e nem ‘talvez’, é ‘não’”, repetiram as mulheres em coro. Junto a Ana Luíza e Naiara, revezaram-se ao microfone Graça Souza (DF), Ana Paula Cusinato (DF), Maria Helena Leal (SP), Mara Webber (RS), Madalena (PI), Silvana Klein (RS) e Iracema Pompermayer (ES) – esta também coordenadora da federação.
Para potencializar a reflexão sobre esse tipo de abuso, Ana Luíza Figueiredo propôs um exercício. Cada homem, de pé, deveria tocar um companheiro. Frente ao visível desconforto observado, a sindicalista apontou: “esse é o constrangimento que uma mulher experimenta”- acrescentando que “não podemos permitir machismo em nenhum local de trabalho. Temos que ser respeitadas, pois estamos aqui construindo uma luta muito mais difícil”.
Como o abuso aconteceu durante o Congrejufe, as manifestantes aproveitaram para pedir que a Fenajufe, tendo o lamentável acontecimento como exemplo, “faça o debate de forma responsável e séria, para que não aconteça de novo”.
Apitos para denunciar
Pouco antes do ato de repúdio no plenário começar, as sindicalistas distribuíram apitos para as mulheres dentro do auditório e pediram-nas para guardá-los. Durante o ato, logo após repudiarem todo e qualquer tipo de machismo dentro dos locais de trabalho e nos eventos da categoria, as mulheres explicaram que “o apito deve ser usado para dar um alerta em caso de qualquer situação de abuso, constrangimento ou violência até o fim do congresso”, explicaram.
Após pedirem um “apitaço” de protesto, as sindicalistas também incentivaram as mulheres a terem coragem de denunciar de atos de violência sexual e reforçaram que todas as mulheres têm o direito de dizer “não”, mesmo as prostitutas, ainda que trabalhem com sexo. “Imagine se fosse com a sua filha”, disse uma das manifestantes, ao denunciar que a questão, apesar de grave, estava sendo ridicularizada por alguns congressistas – homens, em grande parte.
A aposentada Maria Helena Leal, de São Paulo, chamou as aposentadas ã frente para lembrar que o assédio sexual sempre existiu, mas, anos atrás, aquelas mulheres – hoje aposentadas – sofriam caladas, posto que isso não era considerado um problema – muito pelo contrário, a vítima era sempre culpada, era sempre ela quem tinha “facilitado”.
Janaina Rochido, de Caeté/MG