Evento em Paracatu reúne servidores da região Noreste do estado na Câmara de Vereadores da cidade

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Palestrante sobre “Conjuntura” conclama servidores a reagirem às artimanhas do governo em nome da crise

A palestra sobre “Conjuntura política e econômica e seus agravantes para o Servidor Público”, proferida por Gustavo Machado, pesquisador do Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos (ILAESE) e mestrando em Filosofia pela UFMG, foi a primeira do Encontro Regional dos Servidores do Judiciário Federal – Polo Paracatu, realizado na manhã deste sábado, 9, na Câmara Municipal de Paracatu, com presença de servidores locais e demais cidades da região Noroeste do estado.

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Na mesa de abertura do Encontro, o coordenador do SITRAEMG Henrique Olegário Pacheco, o palestrante Gustavo Machado, o presidente da Câmara de Vereadores de Paracatu João Archanjo, o coordenador geral do SITRAEMG Igor Yagelovic e o servidor da Justiça Federal na cidade Gilson Martins – Foto: Gil Carlos

Antes da palestra, houve breves palavras para abertura do evento, com o coordenador do Sindicato Henrique Olegário Pacheco dando as boas-vindas a todos e agradecendo ao presidente da Câmara Municipal, João Archanjo, e demais vereadores paracatuenses, pela cessão do local para o Encontro. Além disso, também foram colocados à disposição funcionários para colaborar no suporte da estrutura da Casa à concretização do evento.

Compuseram a mesa e fizeram o uso da palavra: o presidente da Câmara, o servidor da Justiça Federal local Gilson Martins, que deu todo o apoio ao SITRAEMG na organização do Encontro, e o coordenador geral do Sindicato Igor Yagelovic. Gilson Martins expressou sua satisfação com a presença do Sindicato e a promoção do Encontro na cidade, fazendo votos de que haja oportunidades como esta com mais frequência, para que a entidade se aproxime mais dos servidores da região e consiga filiados mais filiados, para que se fortaleça ainda mais para as lutas de interesse da categoria. O presidente da Câmara também se disse feliz em contribuir com o SITRAEMG e desejou a todos um bom Encontro. Igor Yagelovic destacou que, por mais que o Estado seja grande, “estamos com o ‘pé na estrada’, para aproximar o Sindicato do interior e mostrar a força da categoria”. Fechando os discursos de abertura, Henrique Olegário Pacheco resumiu dizendo que está cada vez mais claro que os servidores têm que trabalhar em conjunto. Fazendo um trocadilho com o local do evento, disparou: “Por isso, estamos aqui na Casa da Comunidade”.

Também estiveram presentes os coordenadores Daniel de Oliveira, Dirceu José dos Santos, Célio Izidoro e Vilma Lourenço. Houve cobertura da TR Minas Brasil, da Rede Minas, através do repórter João Paulo; e do jornal Hora da Notícia, através da jornalista e fotógrafa Jussara Campos.

“Conjuntura política e econômica e seus agravantes para o Servidor Público”

O pesquisador do Ilaese Gustavo Machado iniciou sua palestra exibindo matérias veiculadas em jornais e internet sobre a crise econômica e política por que passa o País. Adiantou que em sua exposição mostraria que, ao contrário do que afirma o governo, há recursos para garantir a reposição salarial dos servidores. O problema é o caminho que o governo está trilhando. A crise atual, rememorou, vinha se desenhando desde 2008, quando ela estourou nos Estados Unidos e na Europa. O que a segurava no Brasil eram as commodities (bens primários) negociadas com a China. Só que, mais recentemente, o crescimento do país asiático, que chegou a atingir 12%, reduziu esse ímpeto para em torno de 7%. Desindustrializado, em situação bem diversa da que vivia nos anos 1980, quando era um dos países que mais recebia investimentos europeus em seu setor produtivo, o Brasil mergulhou de vez na crise. Somente para se ter uma ideia, o peso da indústria no PIB brasileiro hoje é tão baixo que só se iguala ao de 1956. Atualmente, o País amarga um crescimento econômico inferior ao índice de crescimento da população, sua balança comercial deficitária, enfrenta uma inflação já na casa dos dois dígitos e um índice de desemprego da ordem de 10%, contra os 5% que se via há pouco mais de um ano, .

Alguns dos motivos da crise, listou o palestrante, são: a “farra” da iniciativa, com a venda de empresas estatais de setores estratégicos, a preços módicos, uma prática que começou com FHC e continuou com Lula e Dilma; ajuda financeira para esses grupos econômicos quando em dificuldade de recursos; eleições para o Legislativo e Executivo com as despesas de campanha financiadas por esse empresariado, o que acaba por contribuir para a perpetuação desse sistema promíscuo. E quem paga a conta é o trabalhador. Além do arrocho salarial imposto à classe, o governo ainda se vê pressionado a mexer nos direitos trabalhistas.

A crise e o servidor do Judiciário

Quando ao serviço, público o discurso do governo e dos defensores do “estado mínimo” é de que o Estado está “inchado”. É e verdade, diz ele, mas não é verdade que o investimento no serviço público aumentou. Ao contrário, caiu mais de 20% nos últimos anos, e é cada vez menor. O governo alega que é impedido pela Lei de Responsabilidade Fiscal de dar aumento para os servidores. Mas há uma folga de mais de 20%. No caso dos servidores do Judiciário Federal, gasta apenas metade da Receita Corrente Líquida que a lei lhe permite para gastos com pessoal, ficando uma folga de quase 50% que poderia usar para cumprir esse compromisso com os servidores. E olha que o governo admite que, em situação inversa, as demandas do Judiciário aumentaram, e muito. No orçamento para 2016, houve um corte de R$ 25 bi, sendo R$ 500 milhões na esfera do Judiciário. E a tendência, advertiu Gustavo Machado, é reduzirem-se ainda mais esses gastos no serviço público e, em particular, no Judiciário.

“As opções usadas pelo governo são: reduzir custos com o trabalhador, destinar maioria dos recursos nacionais aos banqueiros, que são os investidores na dívida pública. Vamos abaixar a cabeça sem fazer nada? Temos que fazer tudo, menos ficar com os braços cruzados. Temos que tirar a noção pacifista de pensarmos que as coisas vão se resolver por si mesmas. O Cenário é difícil, mas não nos convida para a inação, a paralisia, o conformismo. É nesse cenário que são abertas as possibilidades e espaços para a indignação e a reação. Há necessidade de dobrar os nossos esforços na luta pela garantia dos direitos dos trabalhadores”, convocou Gustavo Machado.

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