Painéis com a temática “Quebrando barreiras e alargando caminho”, causando reações diversas do público, fecharam a programação de atividades do segundo dia do 12º Congrejufe (Congresso Nacional da Fenajufe), no domingo, 27 de abril. O evento está sendo realizado no hotel Recanto das Cataratas, em Foz do Iguaçu (PR), entre os dias 26 de abril e 1º de maio.
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E o primeiro tema a ser abordado foi “Mulheres pretas e pretos”, que reuniu, como palestrantes, a vereadora do município de São Paulo (SP) Luana Alves, a cofundadora e coordenadora do Movimento Mães de Manguinhos, Ana Paula Oliveira, e a titular da Secretaria da Mulher e Juventude da Prefeitura de Contagem (MG), Camila Costa Marques.
Álbum de fotos do dia:
Única mulher a se reeleger para o cargo no legislativo da capital paulista, em seus 465 anos de história, a vereadora Luana Alves afirmou que a escravidão é o outro lado do neoliberalismo, que, para ela, se traduz no modelo econômico que destrói o “colchão social” de proteção às classes “esquecidas” da sociedade. Ela defendeu a união da classe trabalhadora como único caminho possível para resguardar e conquistar não só os seus direitos, mas também os direitos sociais como um todo. Para ela, os trabalhadores devem se mobilizar, ainda, para que não haja “anistia para golpistas”, pela taxação das grandes fortunas, contra a escala “6×1” e “Fica Glauber!”, referindo-se à tentativa de cassação do deputado federal do PSOL pelo Rio de Janeiro fiel às pautas progressistas.
Bastante emocionada, Ana Paula Oliveira relatou o drama por ela vivido desde que perdeu o filho Jonatha de Oliveira Lima, brutal e covardemente assassinado aos 18 anos, em 2014, pelo policial Alexandre Marcelino de Souza, na favela Manguinhos, do Rio de Janeiro (RJ). “Meu filho foi morto simplesmente pelo fato de ser negro”, lamentou.
Mas tragédia vivida não a fez desanimar. Ao contrário, acabou motivando-a a criar o Movimento Mães de Manguinhos, com o objetivo não só de exigir justiça para o crime cometido contra seu filho, mas também para dialogar, amparar e fortalecer as mães que passaram por sofrimento semelhante.
A advogada e secretária municipal de Contagem Camila Costa Marques assegurou que o judiciário brasileiro tem cor, gênero e orientação sexual: nesta ordem, branco, masculino e heterossexual. Avaliou que não há como falar em democracia se não houver um movimento favorável à democracia racista, e sugeriu que os próprios servidores desse poder, em seus locais de trabalho, atuem para que o racismo arraigado da população seja extirpado.
LGBT e PCD
No debate sobre esse tema, a mulher trans Luna Leite, diretora executiva da Associação Nacional dos Travestis e Transexuais (Anatrajus), relatou sua árdua trajetória na luta contra o preconceito por sua orientação sexual, mas também destacou os avanços alcançados pelo movimento LGBT.
Completamente surdo, o advogado André Coelho, presidente da Comissão de Direitos das Pessoas com Deficiência (Aba), fez uma “pegadinha” com os servidores presentes. Fingindo que estava falando ao microfone, fez com que os participantes do evento lhe avisassem, inadvertidamente, que o aparelho não estava funcionando. Aí ele disparou: “é assim que eu me sinto quando alguém está conversando comigo: não ouço absolutamente nada”. Para entender minimamente o que o seu interlocutor está falando, precisa se concentrar na boca e nos olhos da pessoa.
“Pessoa com deficiência não se torna deficiente porque quer”, disse, ensinando que o maior inimigo da PCD é a falta de informações sobre a questão. Definiu PCD como um impedimento ou limitação, por um longo tempo, em qualquer órgão do corpo humano.
Aposentadoria, pensionistas e saúde do trabalhador
Esse tema foi abordado pelo presidente do Movimento dos Aposentados e Pensionistas do Serviço Público, Edison Haubert, que rememorou a história da luta pelo fim da contribuição previdenciária dos servidores aposentados e pensionistas. Classificou como “um confisco” a contribuição, reforçando o apelo à Fenajufe e aos sindicatos para que continuem mobilizados pelo apensamento da PEC 555/2006 à PEC 6/2024. Ambas tratam do fim da taxação previdenciária dos inativos do serviço público.
Já o consultor ad hoc da Comissão Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (CNDH) Leonardo Pinho expressou sua preocupação com a dificuldade da Previdência Social em manter sua sustentabilidade, diante da precariedade do vínculo empregatício desde que entrou em vigor a reforma trabalhista aprovada em 2017, durante o governo Michel Temer. Ele defendeu a intensificação da luta pela revogação da reforma, para a retomada do emprego formal e, consequentemente, a sustentabilidade da Previdência pública.
Assessoria de Comunicação
Sitraemg