Meiruze Sousa Freitas e Romison Rodrigues Mota foram os autores do parecer que a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) votou e aprovou no último domingo (17), por unanimidade, pela liberação do uso emergencial das vacinas Coronavac (6 milhões de doses) e Astrazeneca (2 milhões de doses), no Brasil, contra a Covid-19. Meiruze também foi relatora do pedido de aplicação emergencial e temporária. Ambos são servidores de carreira da Anvisa. No parecer, embasaram-se em argumentações e fundamentações cientificas para convencer os demais diretores da Agência – todos afinados ao presidente da República em pelo menos algumas de suas teses tresloucadas e extremistas – a votarem pela liberação da vacina.
A primeira pessoa a ser vacinada no país, ainda no domingo, foi Mônica Calazans, servidora, enfermeira do hospital Emílio Ribas, de São Paulo. Ela foi uma dos milhares de profissionais do setor que se submeteram voluntariamente aos testes para verificação da eficácia e eficiência da vacina, mas recebendo o placebo, e não a substância vacinal.
O que mais se ouviu e viu ao longo dos últimos 10 meses, neste país, foram elogios e aplausos aos profissionais de saúde da rede pública, que arriscaram suas próprias vidas, e a vida de seus familiares, para receberem e tratarem centenas de milhares de pessoas adoecidas com a Covid-19. E, finalmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) tornou-se conhecido da população, em geral, e reconhecido, até mesmo pelas camadas mais abastadas da população, como a mais eficiente rede rede pública de saúde do mundo, podendo ser comparado, de perto, apenas ao National Health Service (NHS), do Reino Unido.
Também foram amplamente veiculados, pela imprensa, depoimentos de políticos historicamente defensores do desmonte do Estado brasileiro elogiosos aos servidores ao SUS e toda sua rede, que envolve institutos de pesquisas científicas, hospitais e postos de saúde, apesar da redução drástica de investimento no setor, nos últimos anos. Tudo isso por uma razão óbvia: foi o SUS e sua ampla equipe de profissionais que se colocaram na linha de frente de atendimento à população. A rede privada, que só visa o lucro, ficou de lado, somente dando algum suporte ao longo do período da pandemia.
No entanto, bastou reduzirem-se os índices de adoecimento e morte em decorrência do novo coronavírus, no segundo semestre do ano passado, para esses mesmos políticos voltarem a cobrar do governo mais rigor em relação aos limites impostos pela Emenda Constitucional 95, que congelou os investimentos públicos por 20 anos, e a votação e aprovação das PECs 186 e 188, do Plano ‘Menos’ Brasil, e 32/2020, da Reforma Administrativa. Na verdade, todas três têm o mesmo objetivo: acabar com os direitos dos servidores e os serviços prestados gratuitamente à população.
Dito isso, a nova diretoria do Sitraemg reforça o convite a cada servidor e servidora do Judiciário Federal em Minas a refletirem bastante sobre a importância dos serviços que prestam à sociedade e para o fato de que, sem servidor, jamais existirão tais serviços. O discurso do governo de que a Reforma Administrativa é para melhorar os serviços públicos é puro engodo. E essa verdade tem que ser reverberada, pelos próprios servidores, para todas as camadas da sociedade brasileiro.