Marie France Hirigoyen, uma das maiores especialistas sobre assédio moral, em sua palestra realizada no Brasil em 2011, ressaltou que tanto no estresse quanto no assédio moral há “ativação dos hormônios do estresse”, mas com os estressados o repouso é reparador. No caso do assédio, o organismo não reage como no estresse, o que leva ao esgotamento e a depressão, principal sintoma da vítima de assédio moral.
Com relação à especificidade que vai marcar a diferença entre assédio moral e estresse, ela reforçou as marcas e consequências da vergonha e humilhação vivenciadas pela vítima. Como os efeitos do assédio moral persistem com o tempo, a vitima que é escolhida como alvo sofre com a perda do sentido da realidade, questiona-se “porque estão fazendo isso?”, e não há explicações. A vítima não entende o que está acontecendo; cria um quadro de dúvidas sobre sua capacidade de trabalho; introjeta o discurso do agressor e passa a se sentir culpada no lugar de vitima. Mas culpada de quê?
Nós, seres humanos, precisamos do sentido das coisas. Quando há explicações e diálogo, problemas e conflitos podem ser superados. As atuações agressivas, mecanismo de defesa da vítima de assédio moral, servem para corroborar a perversidade do assediador, que usa destes momentos de explosões emocionais da vitima de assédio moral, para prejudicá-la ainda mais.
Marie France reafirmou que todo assédio moral é um atentado à dignidade e autoestima das pessoas, sendo que as injúrias e humilhações nunca são esquecidas. A vítima de assédio moral não entende o que aconteceu, nem sabe o que fazer, o trabalho perde o sentido, fatores que agravam o adoecer emocional e psíquico da vítima. Sem o sentido, que dá significado ao trabalho, a vítima busca soluções equivocadas, e como não há respostas, a vitima pode ser violenta com outra pessoa ou consigo mesmo, uma das razões do suicídio. Portanto a vítima de assédio moral pode sofrer com depressão ou ansiedade excessiva, e até mesmo ideias suicidas.
Por isso é necessário que profissionais de saúde, doutores da lei, servidores e diretores do Sitraemg, fortaleçam o debate para combater o assédio moral no trabalho.
Buscando o diálogo institucional, foi solicitado através de ofício ao TRT, TRE e Justiça Federal, reunião para debater o projeto de saúde do trabalhador implementado pelo SITRAEMG, de forma que o debate entre a relação trabalho/saúde/adoecer, seja encampado enquanto política institucional.
O Departamento de Saúde e Combate ao Assédio Moral do SITRAEMG já está atendendo servidores e servidoras que queiram denunciar o assédio moral e outras violências no ambiente de trabalho. O agendamento pode ser feito pelo e-mail denuncia.assédio@sitraemg.org.br/, ou pelo telefone 4501 1541.
Arthur Lobato é Psicólogo/Saúde do trabalhador