Dia: 28/01/2015

Estadão: Crise nas montadoras leva fabricantes de autopeças a cortar 19 mil empregos

Metalúrgica de Tubos de Precisão, de Guarulhos, fechou as portas e demitiu 770 funcionários por telegrama, em mais um sinal de que a crise das montadoras, que provocou o corte de 12 mil postos de trabalho em 2014, chegou aos fornecedores A Metalúrgica de Tubos de Precisão (MTP) de Guarulhos (SP) fechou as portas e demitiu na semana passada, por telegrama, todos os 770 funcionários. Parte deles está acampada nos portões da fábrica para impedir que o maquinário seja retirado. Os trabalhadores temem não receber salários atrasados e a rescisão e querem os equipamentos como garantia. O fechamento da MTP, fabricante de tubos para automóveis e motocicletas, ocorre num momento em que a crise das montadoras se espalha pelos demais segmentos da cadeia automotiva, especialmente o de autopeças. Com 68% da produção voltada às fabricantes de veículos, as autopeças eliminaram 19 mil postos de trabalho no ano passado. Demissões nessa proporção não ocorriam no setor desde 1998, ano em que foram fechadas 19,4 mil vagas. Agora, o setor emprega 201 mil trabalhadores, o menor contingente desde 2009. O ano passado foi um dos piores para o setor, afirma o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori. “Estamos sentindo que o movimento de queda (de empregos) permanece em janeiro”, confirma o executivo. Produtores de peças plásticas cortaram 3 mil postos de trabalho em 2014. “Foi a primeira vez que tivemos desemprego no setor no fechamento de um ano”, afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), Ricardo Roriz Coelho. O setor emprega atualmente 357 mil pessoas e vende de 7% a 10% de sua produção para a indústria automobilística. Esses cortes se somam às 12,4 mil demissões feitas pelas montadoras, que encerram 2014 com 144,6 mil empregados. Foi o maior número de dispensas em 16 anos. A tendência é de continuidade de demissões neste ano, que começou com a Mercedes­Benz fechando  260  postos  na  fábrica  de  São  Bernardo  do  Campo  (SP)